Governo
Branco II
“Os deuses estão conosco
e haverão de
neutralizar todas
as investidas das forças inimigas.
Não foi por acaso que chegamos até aqui.
Estamos de pé, firmes e fortes
e assim
prosseguiremos avançanco
com ou sem as
moedas do governo branco.”
JacquesJa In Governo Branco
Hoje é um dia muito especial. A minha
comunidade vai entrar na avenida e mostrar a nossa alegria de ser periferia.
Eu poderia simplesmente reapresentar
o texto que publiquei no mês passado (abaixo na integra) para me expressar
sobre o que ocorre aqui. Mas, apesar de, extremamente atual e verossímel, “Governo Branco” precisa ser re-escrito, pois
temos informações novas.
Eu li no jornal:
Eu li no jornal:
“Fizemos fantasias e todos os
materiais estão prontos, porém o carnaval que tinha até data confirmada foi
cancelado. Agora temos uma dívida de quase R$ 6 mil e não sabemos o que fazer
para sair desta situação”
Paulo Henrique do Nascimento
Presidente da Escola de Samba Unidos
de Vila Esmeralda.
Continua
“Tivemos um prejuízo de cerca de R$ 5
mil e temos um material confeccionado que não será reaproveitado. Penso que
faltou consideração por parte das autoridades (...)”
Alis Helena Rodrigues
Presidente da Escola de Samba da
Volta da Figueira
Eu que já estive na “gerencia” deste
processo administrativo sei bem o que ele representa: Tensão. É um governo
branco, administrando as vontades de um
povo não branco. Eu sei que muitos vão cair de pau, dizendo: Lá vem o
Jacques de novo com esta conversa. Mas é fato. Voce que vive aqui sabe que é
fato. Na fila do banco, no caixa do supermercado, no posto de combustíveis,
trilhando o passeio público, enfim em todos este lugares o que voce ve? Um povo
não branco (são negros, mestiços, indios, caboclos, entre outros). Então é tema
da etnologia e da etnografia ou não é?
Vamos erguer o tom do debate
(qualitativamente). Já no final do meu período de formação academica, eu tive
contato com uma obra muito relevante chamada “Teorias da Etnicidade”. Está tudo
lá. Quem tiver interesse dá uma olhadinha em especial no conceito de “Relações
de pertencimento etnico”. É ingles? Não antropologia social. Até porque a UFRGS
não sabe fazer outra coisa. É só antropologia social. Antropologia Física? Nem
uma frase durante todo o curso.
Voltando à aldeia, começou mau este
governo (municipal). Ontem visualizei um outdor imenso na Avenida Praia de
Belas (Bairro Menino Deus, Porto Alegre) convidando a comunidade para uma
programação de teatro (No São Pedro) com entrada franca. Já por aqui nem ao
menos temos uma sala do genero. O que nos resta? Vou repetir o que sempre digo:
Trabalhar e acreditar. Trabalhar de maneira honesta e animar a nossa fé. Todos
os dias intensamente. É essa a resposta da nação isabelense às agressões
sofridas por entes governamentais do governo branco. Vai acontecer um encontro
dos nossos (muamba) na Vila Planalto (Avenida Montenegro, apartir das 21 horas)
logo mais a noite sem o apoio das moedas do governo branco. É desta forma que a
cidade avança: Trabalho e Fé na raça e na vontade de ser cem por cento não
branco.
Governo
Branco
"Meu sangue tem a cor do céu.
Eu sou
Vila Isabel!
E nada
pode se maior (...)"
O
Sentimento não termina
Vinicius Maroni
Vinicius
Brito
Fábio
Santiago e
Saimon
Hoje é um dia muito especial. A minha escola vai entrar na avenida e mostrar para o mundo a nossa alegria de ser da Vila.
Eu li no jornal:
"Vila Isabel desfilará sem verba municipal". Eu preciso me manifestar sobre o que está ocorrendo com os nossos. Vejam: o direito que o executivo municipal local tem de exigir a regularização do registro da entidade que representa a Vila Isabel (associação das entidades carnavalescas de Viamão) é o mesmo que tem o cidadão de exigir da prefeitura que regularize a sua situação junto ao "SPC das Prefeituras" (estou utilizando as próprias palavras que o prefeito utilizou recentemente para fazer referencia ao CADIM).
Eu estive recentemente na quadra acompanhando os preparativos para o carnaval e me emocionei com o que vi ali. É lindo, simplesmente lindo ver todo aquele trabalho sendo feito com tanto entusiasmo e competencia. Eu vi gente humilde e trabalhadora envolvida com artes plásticas, com artes cenicas, com musica, com dança, com poesia, enfim com amor ao carnaval e a cultura popular como um todo. Há, definitivamente, uma questão de raça colocada aqui. Somos uma comunidade de não brancos (negros, pardos, indios, caboclos, etc) governada por um governo branco. Geralmente é assim em diversas partes do globo e em Viamão não é diferente. Alguns podem discordar com o meu texto e isso é bom, pois estou disposto a dialogar. Pergunto: quantos indivíduos não brancos (especialmente afro-descendentes) ocupam cargo no primeiro escalão do governo municipal local?
Os tambores não mentem. Iniciou agora uma chuva fina. A Terra é redonda. A vida é redonda. O poder dos deuses é redondo. PAZ! Eu quero desejar muita PAZ para todos que nos acompanham. Para os mais de mil integrantes da Vila que estarão levando o nosso pavilhão para a avenida nesta madrugada eu quero dizer: Não estamos sós. Haveremos de vencer todo o tipo de intempérie. Os deuses estão conosco e haverão de neutralizar todas as investidas das forças inimigas. Não foi por acaso que chegamos até aqui. Estamos de pé, firmes e fortes e assim prosseguiremos avançanco com ou sem as moedas do governo branco.
Conheça Zephania, o homem que cultivava água.
Link abaixo:
http://bomambiente.com/forum/showthread.php?14-%C1gua-Direito-de-Todos/page2
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