Os Primórdios da História da Santa Isabel



Os Primórdios
da História
da
Santa Isabel


 

Acompanhe a seguir a VERSÃO COMPACTA do livro:


“Quando vejo um velho casarão demolido ou um lugar importante descaracterizado é como se uma parte de mim desaparecesse. Desaparece como cenário da minha vida, como cenário da minha ficção.”
Moacyr Scliar

“A Cultura representa uma vontade de construirmos um futuro socialmente possível, representada por ‘uma vontade de ultrapassar a vida’ ”



Gaston Bachelard



FICHA CATALOGRÁFICA

JACOMINI, Jacques. Os primórdios da história da Santa Isabel. Viamão: Ed. do Autor, 1999. 30 p.



Todos os Direitos desta edição estão reservados ao autor.

Pedidos para Associação dos Amigos do Patrimônio e dos Bens Culturais do Município de Viamão (AAPC)

Dedicatória:

Dedico este livro ao meu pai, Zeferino Jacomini, pela sua contribuição na minha formação e nos estímulos para vencer as batalhas da vida. Exemplar na sua dedicação e no desempenho familiar, presto-lhe hoje esta singela homenagem. Pai, obrigado por tudo !!




Agradecimentos:
Agradeço todas as pessoas que de forma direta ou indireta colaboraram para a construção desta obra.

INDICE


Seja Bem Vindo à Santa Isabel

Para começo de conversa

Santa Isabel, Viamão, Rio Grandense do Sul: O que acontecia nesta
região nos séculos passados ?

Jerônimo de Ornelas – O Sesmeiro do Morro Santana

A chegada dos Açorianos

Inácio Francisco de Melo comprador da Sesmaria de Santana
de Jerônimo de Ornelas

Finalizando esta prosa

Para saber mais

Anexos






SEJA BEM VINDO À SANTA ISABEL


Para quem chega pela primeira vez, a impressão inicial é semelhante a de quem entra em um vale. A imagem imponente do Morro de Santana já está ali incólume, como quem dá as boas vindas e registra: sege bem vindo a um vale da afluência. E a relação com este imenso tótem isabelense parece ser, de fato, muito intima. Basta percorrer a Avenida Liberdade, coração da Santa Isabel, em toda a sua extensão que, ao final dela, na confluência com a Avenida Paraná você estará novamente diante dele. Imponente, secular, protetor, revelador, enfim, você estará diante do Morro Santana.
No deslocamento até o final da Avenida Liberdade, você passou por vários locais que marcam o jeito de ser do isabelense, preste atenção: A Praça da Santa Isabel, local de encontro das mais diversas gerações deste lugar, quase ao lado da Praça você encontra diversas opções de cultura e lazer na Locadora de Fitas Cinematográficas, Laboratório Fotográfico e Tabacaria do Jairo (Vídeo e Foto Mania) e na Livraria do Pertile (Artecolor Pertile), mais adiante você abastece o seu automóvel no Posto de Combustível Bonetto, o primeiro e único da Santa Isabel. Bateu aquela fome ? Não se preocupe, já estamos próximos do Restaurante do Cristiano, tradicionalmente conhecido como “Super Xis Genesini”, que oferece lanches, refeições e bebidas em um cardápio bastante variado. Feita a refeição, cruzando a confluência da Rua Rincão da Querência com a Avenida Liberdade, você estará diante do templo religioso de maior significado para os isabelenses. Aqui mora a Santa Protetora, a Padroeira, a Rainha Isabel. Foi no entorno da sua graça e adoração que a gente deste lugar se fez povo devoto de uma tradição milenar de apoio e defesa dos pobres, excluídos, doentes e incapazes. Não esqueça, ao passar pela casa da Santa Isabel, faça a sua prece, agradeça ou solicite a sua benção que a sua estada aqui será valiosa. Juntamente com a fé, atualmente a tecnologia também passa a fazer parte do nosso cenário, pois já estamos na Rede Mundial de Computadores (INTERNET), Você Sabia? Então, anote o endereço: HTTP://GO.TO/SANTAISABEL. O desenvolvedor e criador da página é o amigo Paulo Lilja. Se você quiser saber mais sobre este ambicioso projeto de disponibilizar a nossa aldeia para o mundo acessar via-rede converse com o Paulo no seu escritório que ele terá o máximo prazer em recebê-lo.
Assim é a Santa Isabel, local de fé, de trabalho, de luta por um amanhã mais justo e solidário. A nossa história passa a ser resgatada a partir de vários esforços como este que aqui empenhamos na construção deste livro. Faça a sua parte, contribua para que o nosso passado não se perca na lembrança dos nossos irmãos que, paulatinamente, se transmutam em estrelas da constelação que iniciou com a estrela primeira, Santa Isabel da Hungria. Através de um depoimento, de um relato, de uma fotografia antiga da sua família, enfim, com um simples e humilde gesto você poderá estar intervindo nos rumos desta história que além de permanecer viva e presente na memória de cada um de nós, começa a ser contada oficialmente através destas páginas.










PARA COMEÇO DE CONVERSA


Em 1997 iniciei uma pesquisa na Universidade Federal do Rio Grande do Sul que tinha por objetivo investigar alguns aspectos da história e do desenvolvimento urbano da cidade de Porto Alegre. Sob a orientação de profissionais do mais alto nível técnico, utilizando as ferramentas oferecidas pelas ciências sociais, especialmente a Antropologia, fui enveredando pelos campos do conhecimento científico que me levariam a traçar um eixo de ligação entre a história de Porto Alegre, Viamão e, posteriormente, da Santa Isabel.
Foram vários meses de investigação em diversas bibliotecas, arquivos públicos, museus e outros “lugares da memória cultural”, de trocas de experiência com outros pesquisadores da própria universidade e de fora dela, de avanços significativos no “descobrimento” de aspectos, conceitos, fatos e datas históricas perdidas ou esquecidas em vários lugares do passado
Foi então que comecei a ter contato com referências bastante significativas da nossa historiografia local. Em vários momentos encontrava, por exemplo, historiadores referindo “O Porto de Viamão”, os “Campos de Viamão” e figuras históricas ilustres como Jerônimo de Ornelas, João de Magalhães, entre outros. Na condição de filho desta terra, era inevitável não realizar um recorte paralelo aquela pesquisa inicial sobre a história de Porto Alegre, redobrando os esforços e buscando todo o tipo de informação que surgisse sobre a história de Viamão e sobre a história da Santa Isabel.
Em setembro último, mês de aniversário de Viamão, realizei uma grande tentativa de síntese do material que havia pesquisado até aquele momento e publiquei no Jornal Correio Rural pequenos resumos sobre as questões mais centrais da história de Viamão e da Santa Isabel. Selecionei justamente questões que são, na maioria das vezes, mal compreendidas e referidas sem o rigor historiográfico necessário. Este material foi dividido da seguinte forma:
Matéria 1 - Os Campos de Viamão e o Porto de Viamão

Matéria 2 - O Porto de Viamão recebe os Casais Açorianos

Matéria 3 - Viamão - Capital do Estado do Rio Grande do Sul

Matéria 4 – Morro de Santa Ana (ou de Santana) – Patrimônio Etnológico

Neste livro proponho retomar algumas destas questões históricas já trabalhadas, pois representam o contexto social e histórico que são imprescindíveis para o entendimento dos aspectos específicos da história da Santa Isabel. O objetivo central desta obra, no entanto, é responder a seguinte questão: A Santa Isabel tem a sua própria história ??? Acredito que sim e é por essa razão que ofereço estas páginas para os isabelenses tirarem as suas próprias conclusões.
Em diversos momentos da minha caminhada intelectual, esta questão era muito presente no meu imaginário e sentia a necessidade de “equacioná-la” de forma honesta, objetiva e com o rigor científico que a situação exigia. Após várias incursões nos documentos históricos, muitas leituras de autores que me antecederam e de muitas trocas com colaboradores, amigos e informantes, cheguei a uma fórmula metodológica que me parece ser a mais adequada para encaminhar a questão que estava colocada: Traçar uma trajetória histórica da Santa Isabel desde os primeiros povoadores da região sul até os nossos dias. Mas como realizar um objetivo tão audacioso como este, afinal de contas estamos falando de quase três séculos de história ??
Optei por dividir este grande período em dois momentos distintos. O primeiro parte da época considerada como a do início do povoamento do extremos sul (1730), oportunidade em que Dona Ana da Guerra (Irmã do Fundador de Laguna), acompanhada do seu genro, João de Magalhães, chegam nos campos de Viamão, estabelecendo-se no lugar denominado por eles de “Lombas” (Lombas é o lugar onde encontramos hoje o Distrito de Águas Claras / Viamão). e ali erguem uma Capela em Louvor a Nossa Senhora da Imaculada Conceição e Santana até a década de 50 (deste século), momento a partir do qual temos o estabelecimento dos primeiros imigrantes europeus aqui na Santa Isabel. O segundo momento vai, consequentemente, da chegada dos primeiros imigrantes (1950) até aos dias atuais.
Este recorte no tempo que utilizo para falar da história da Santa Isabel é necessário do ponto de vista prático e metodológico pelos seguintes motivos. Em primeiro lugar, a única forma de investigar este passado remoto referente a história da Santa Isabel nos séculos XVII, XVIII e XIX é através dos documentos históricos encontrados nos museus, arquivos públicos e livros antigos, uma vez que mesmo que tentasse colher o depoimento de alguém que viveu nesta época seria impraticável por razões óbvias. Em segundo lugar, o trabalho dos arqueólogos e etnólogos que investigaram os sítios arqueológicos do Morro Santana dão conta de várias questões históricas desta época, através da reconstituição de materiais coletados em campo durante escavações realizadas recentemente. Em terceiro lugar, a partir do momento em que é possível encontrar pessoas ainda vivas e que vivenciaram esta Santa Isabel Antiga, a partir de 1950, recorro a reconstrução etnográfica através das principais técnicas de pesquisa que o legado antropológico nos ensinou, ou seja, entrevistas com informantes, utilizando recursos técnicos como o gravador de áudio, gravação de imagens em VHS, fotografia, imagens digitalizadas e processadas por meio informático, observação direta e participante, análise de conteúdo e de contexto destas entrevistas e de documentos históricos relacionados a elas, etc.
Neste livro abordaremos apenas o primeiro período citado acima, ou seja, o que parte da época considerada como a do início do povoamento do extremos sul (1730), até a década de 50 (deste século) momento a partir do qual temos o estabelecimento dos primeiros imigrantes europeus aqui na Santa Isabel. O segundo período será trabalhado em uma obra posterior a esta.
Para atender aos objetivos propostos para neste livro, divididos-o em 9 segmentos nominados da seguinte forma: Seja Bem Vindo à Santa Isabel; Para começo de conversa; Santa Isabel, Viamão, Rio Grandense do Sul: O que acontecia nesta região nos séculos passados ? ; Jerônimo de Ornelas – O Sesmeiro do Morro Santana; A chegada dos Açorianos; Inácio Francisco de Melo comprador da Sesmaria de Santana de Jerônimo de Ornelas; Finalizando esta prosa; Para saber mais; Anexos.









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Acompanhe a seguir a VERSÃO INTEGRAL do livro:







Os Primórdios da História da Santa Isabel














“Quando vejo um velho casarão demolido ou um lugar importante descaracterizado é como se uma parte de mim desaparecesse. Desaparece como cenário da minha vida, como cenário da minha ficção.”

Moacyr Scliar“A Cultura representa uma vontade de construirmos um futuro socialmente possível, representada por ‘uma vontade de ultrapassar a vida’ ”

Gaston Bachelard






















FICHA CATALOGRÁFICA

JACOMINI, Jaques. Os primórdios da história da Santa Isabel. Viamão: Ed. do Autor, 1999. 30 p.



Todos os Direitos desta edição estão reservados ao autor.

Pedidos para Associação dos Amigos do Patrimônio e dos Bens Culturais do Município de Viamão (AAPC)






















Dedicatória:

Dedico este livro ao meu pai, Zeferino Jacomini, pela sua contribuição na minha formação e nos estímulos para vencer as batalhas da vida. Exemplar na sua dedicação e no desempenho familiar, presto-lhe hoje esta singela homenagem. Pai, obrigado por tudo !!




Agradecimentos:
Agradeço todas as pessoas que de forma direta ou indireta colaboraram para a construção desta obra.
















INDICE


Seja Bem Vindo à Santa Isabel

Para começo de conversa

Santa Isabel, Viamão, Rio Grandense do Sul: O que acontecia nesta
região nos séculos passados ?

Jerônimo de Ornelas – O Sesmeiro do Morro Santana

A chegada dos Açorianos

Inácio Francisco de Melo comprador da Sesmaria de Santana
de Jerônimo de Ornelas

Finalizando esta prosa

Para saber mais

Anexos










SEJA BEM VINDO À SANTA ISABEL


Para quem chega pela primeira vez, a impressão inicial é semelhante a de quem entra em um vale. A imagem imponente do Morro de Santana já está ali incólume, como quem dá as boas vindas e registra: sege bem vindo a um vale da afluência. E a relação com este imenso tótem isabelense parece ser, de fato, muito intima. Basta percorrer a Avenida Liberdade, coração da Santa Isabel, em toda a sua extensão que, ao final dela, na confluência com a Avenida Paraná você estará novamente diante dele. Imponente, secular, protetor, revelador, enfim, você estará diante do Morro Santana.
No deslocamento até o final da Avenida Liberdade, você passou por vários locais que marcam o jeito de ser do isabelense, preste atenção: A Praça da Santa Isabel, local de encontro das mais diversas gerações deste lugar, quase ao lado da Praça você encontra diversas opções de cultura e lazer na Locadora de Fitas Cinematográficas, Laboratório Fotográfico e Tabacaria do Jairo (Vídeo e Foto Mania) e na Livraria do Pertile (Artecolor Pertile), mais adiante você abastece o seu automóvel no Posto de Combustível Bonetto, o primeiro e único da Santa Isabel. Bateu aquela fome ? Não se preocupe, já estamos próximos do Restaurante do Cristiano, tradicionalmente conhecido como “Super Xis Genesini”, que oferece lanches, refeições e bebidas em um cardápio bastante variado. Feita a refeição, cruzando a confluência da Rua Rincão da Querência com a Avenida Liberdade, você estará diante do templo religioso de maior significado para os isabelenses. Aqui mora a Santa Protetora, a Padroeira, a Rainha Isabel. Foi no entorno da sua graça e adoração que a gente deste lugar se fez povo devoto de uma tradição milenar de apoio e defesa dos pobres, excluídos, doentes e incapazes. Não esqueça, ao passar pela casa da Santa Isabel, faça a sua prece, agradeça ou solicite a sua benção que a sua estada aqui será valiosa. Juntamente com a fé, atualmente a tecnologia também passa a fazer parte do nosso cenário, pois já estamos na Rede Mundial de Computadores (INTERNET), Você Sabia? Então, anote o endereço: HTTP://GO.TO/SANTAISABEL. O desenvolvedor e criador da página é o amigo Paulo Lilja. Se você quiser saber mais sobre este ambicioso projeto de disponibilizar a nossa aldeia para o mundo acessar via-rede converse com o Paulo no seu escritório que ele terá o máximo prazer em recebê-lo.
Assim é a Santa Isabel, local de fé, de trabalho, de luta por um amanhã mais justo e solidário. A nossa história passa a ser resgatada a partir de vários esforços como este que aqui empenhamos na construção deste livro. Faça a sua parte, contribua para que o nosso passado não se perca na lembrança dos nossos irmãos que, paulatinamente, se transmutam em estrelas da constelação que iniciou com a estrela primeira, Santa Isabel da Hungria. Através de um depoimento, de um relato, de uma fotografia antiga da sua família, enfim, com um simples e humilde gesto você poderá estar intervindo nos rumos desta história que além de permanecer viva e presente na memória de cada um de nós, começa a ser contada oficialmente através destas páginas.





PARA COMEÇO DE CONVERSA


Em 1997 iniciei uma pesquisa na Universidade Federal do Rio Grande do Sul que tinha por objetivo investigar alguns aspectos da história e do desenvolvimento urbano da cidade de Porto Alegre. Sob a orientação de profissionais do mais alto nível técnico, utilizando as ferramentas oferecidas pelas ciências sociais, especialmente a Antropologia, fui enveredando pelos campos do conhecimento científico que me levariam a traçar um eixo de ligação entre a história de Porto Alegre, Viamão e, posteriormente, da Santa Isabel.
Foram vários meses de investigação em diversas bibliotecas, arquivos públicos, museus e outros “lugares da memória cultural”, de trocas de experiência com outros pesquisadores da própria universidade e de fora dela, de avanços significativos no “descobrimento” de aspectos, conceitos, fatos e datas históricas perdidas ou esquecidas em vários lugares do passado
Foi então que comecei a ter contato com referências bastante significativas da nossa historiografia local. Em vários momentos encontrava, por exemplo, historiadores referindo “O Porto de Viamão”, os “Campos de Viamão” e figuras históricas ilustres como Jerônimo de Ornelas, João de Magalhães, entre outros. Na condição de filho desta terra, era inevitável não realizar um recorte paralelo aquela pesquisa inicial sobre a história de Porto Alegre, redobrando os esforços e buscando todo o tipo de informação que surgisse sobre a história de Viamão e sobre a história da Santa Isabel.
Em setembro último, mês de aniversário de Viamão, realizei uma grande tentativa de síntese do material que havia pesquisado até aquele momento e publiquei no Jornal Correio Rural pequenos resumos sobre as questões mais centrais da história de Viamão e da Santa Isabel. Selecionei justamente questões que são, na maioria das vezes, mal compreendidas e referidas sem o rigor historiográfico necessário. Este material foi dividido da seguinte forma:
Matéria 1 - Os Campos de Viamão e o Porto de Viamão

Matéria 2 - O Porto de Viamão recebe os Casais Açorianos

Matéria 3 - Viamão - Capital do Estado do Rio Grande do Sul

Matéria 4 – Morro de Santa Ana (ou de Santana) – Patrimônio Etnológico

Neste livro proponho retomar algumas destas questões históricas já trabalhadas, pois representam o contexto social e histórico que são imprescindíveis para o entendimento dos aspectos específicos da história da Santa Isabel. O objetivo central desta obra, no entanto, é responder a seguinte questão: A Santa Isabel tem a sua própria história ??? Acredito que sim e é por essa razão que ofereço estas páginas para os isabelenses tirarem as suas próprias conclusões.
Em diversos momentos da minha caminhada intelectual, esta questão era muito presente no meu imaginário e sentia a necessidade de “equacioná-la” de forma honesta, objetiva e com o rigor científico que a situação exigia. Após várias incursões nos documentos históricos, muitas leituras de autores que me antecederam e de muitas trocas com colaboradores, amigos e informantes, cheguei a uma fórmula metodológica que me parece ser a mais adequada para encaminhar a questão que estava colocada: Traçar uma trajetória histórica da Santa Isabel desde os primeiros povoadores da região sul até os nossos dias. Mas como realizar um objetivo tão audacioso como este, afinal de contas estamos falando de quase três séculos de história ??
Optei por dividir este grande período em dois momentos distintos. O primeiro parte da época considerada como a do início do povoamento do extremos sul (1730), oportunidade em que Dona Ana da Guerra (Irmã do Fundador de Laguna), acompanhada do seu genro, João de Magalhães, chegam nos campos de Viamão, estabelecendo-se no lugar denominado por eles de “Lombas” (Lombas é o lugar onde encontramos hoje o Distrito de Águas Claras / Viamão). e ali erguem uma Capela em Louvor a Nossa Senhora da Imaculada Conceição e Santana até a década de 50 (deste século), momento a partir do qual temos o estabelecimento dos primeiros imigrantes europeus aqui na Santa Isabel. O segundo momento vai, consequentemente, da chegada dos primeiros imigrantes (1950) até aos dias atuais.
Este recorte no tempo que utilizo para falar da história da Santa Isabel é necessário do ponto de vista prático e metodológico pelos seguintes motivos. Em primeiro lugar, a única forma de investigar este passado remoto referente a história da Santa Isabel nos séculos XVII, XVIII e XIX é através dos documentos históricos encontrados nos museus, arquivos públicos e livros antigos, uma vez que mesmo que tentasse colher o depoimento de alguém que viveu nesta época seria impraticável por razões óbvias. Em segundo lugar, o trabalho dos arqueólogos e etnólogos que investigaram os sítios arqueológicos do Morro Santana dão conta de várias questões históricas desta época, através da reconstituição de materiais coletados em campo durante escavações realizadas recentemente. Em terceiro lugar, a partir do momento em que é possível encontrar pessoas ainda vivas e que vivenciaram esta Santa Isabel Antiga, a partir de 1950, recorro a reconstrução etnográfica através das principais técnicas de pesquisa que o legado antropológico nos ensinou, ou seja, entrevistas com informantes, utilizando recursos técnicos como o gravador de áudio, gravação de imagens em VHS, fotografia, imagens digitalizadas e processadas por meio informático, observação direta e participante, análise de conteúdo e de contexto destas entrevistas e de documentos históricos relacionados a elas, etc.
Neste livro abordaremos apenas o primeiro período citado acima, ou seja, o que parte da época considerada como a do início do povoamento do extremos sul (1730), até a década de 50 (deste século) momento a partir do qual temos o estabelecimento dos primeiros imigrantes europeus aqui na Santa Isabel. O segundo período será trabalhado em uma obra posterior a esta.
Para atender aos objetivos propostos para neste livro, divididos-o em 9 segmentos nominados da seguinte forma: Seja Bem Vindo à Santa Isabel; Para começo de conversa; Santa Isabel, Viamão, Rio Grandense do Sul: O que acontecia nesta região nos séculos passados ? ; Jerônimo de Ornelas – O Sesmeiro do Morro Santana; A chegada dos Açorianos; Inácio Francisco de Melo comprador da Sesmaria de Santana de Jerônimo de Ornelas; Finalizando esta prosa; Para saber mais; Anexos.




SANTA ISABEL, VIAMÃO, RIO GRANDE DO SUL ??
O QUE ACONTECIA NESTA REGIÃO NOS SÉCULOS PASSADOS ??


O Rio Grande do Sul era denominado como “Terra de Ninguém” ou de “Província D’El Rei” nos idos de 1500 e 1600. Apesar de ser conhecido pelos portugueses desde a viagem de João de Lisboa (1514) e batizado por Martim Afonso de Souza (1532) como a entrada do “Rio Grande”, o litoral sul-riograndense só viria a ser explorado depois da fundação da Colônia do Sacramento por tropeiros lagunistas. Segundo alguns historiadores, o Rio Grande do Sul, então continente de São Pedro do Rio Grande, era o maior celeiro da América do Sul em gado bovino xucro. Esse gado bovino e cavalar era “orelhano”, isto é, sem dono, remanescente dos que foram introduzidos pelos jesuítas, inicialmente por Cristóvão de Mendoza Orellano e que por isso receberam o seu nome.
Esse gado representava a maior riqueza da época, alguns afirmam que era um verdadeiro “ouro-ambulante” que atrairia grande número de tropeiros (tocadores de tropas) para esta região. A atividade dos tropeiros basicamente era a de transporte de tropas para os mercados de Laguna e Sorocaba. A partir desta atividade, foram criando estradas, formando “estanças” (O mesmo que estâncias, sinônimo de fazenda para as denominações utilizadas hoje.), pousos necessários para o descanço dos tropeiros, fundando povoados reunidos nas “estanças” dos tropeiros que se transformariam em vilas e mais adiante em cidades. Nessas condições de fundação estão as cidades de Viamão, Santo Antônio da Patrulha, Osório, entre outras.
Entre esses tropeiros, destacou-se o madeirensse residente em São Paulo, Jerônimo de Ornelas Menezes e Vasconcelos, inicialmente pertencente à tropa militarizada de João de Magalhães, também dedicada à caça do gado orelhano. Abandonou a tropa de Magalhães e começou a trabalhar por conta própria e já em 1732 estava com sua família instalado nos “Campos de Viamão”, estância de Santana. Ocupando-a com suas tropas de gado e ranchos de seus homens, Jerônimo de Ornelas conquistou direitos sobre as terras, conforme estabeleciam as ordenações do Reino, desde que o Rei não resolvesse tirar-lhe esse direito, conforme acontecia muitas vezes. Para isso era necessário provar que as terras eram devolutas e que as ocupava por mais de cinco anos e que as estava povoando. Assim, em 1739, Jerônimo de Ornelas requereu a posse das terras que a 5 de novembro de 1740 lhe foram concedidas. Obtida a posse definitiva, tratou o tropeiro de estabelecer nessas terras não apenas sua família, mas também as de sua gente (genros, parentes e agregados), formando um núcleo colonizador inicial de mais ou menos cem pessoas. Sua casa estava no alto do Morro de Santana, o ponto mais elevado da região, e de onde tinha sob os seus olhos não apenas todo o lençol de águas da Lagoa do Viamão (Atualmente Rio Guaiba), da foz do Gravatai à ponta do Itapuã, como o povoado de Viamão (hoje cidade de Viamão).
Seguindo um outro roteiro proposto por alguns historiadores, podemos traçar o seguinte percurso histórico para entender o início do povoamento do extremo sul do Brasil: viajando para o ano de 1730, observamos o começo do povoamento do extremo sul do Brasil. Ele acontece, segundo o historiador Walter Spalding, com a chegada de Dona Ana da Guerra, irmã do Capitão-mor Francisco de Brito Peixoto, fundador de Laguna e um dos grandes tropeiros da época, mais seu genro, João de Magalhães, que estabeleceram-se nos “Campos de Viamão”. Ali, em terras de Dona Ana, foi erguida uma capelinha em louvor de Nossa Senhora da Conceição e Santana e, ao seu redor, logo se formaria uma pequena localidade que ficou conhecida por Lombas de Santana (ou Santana das Lombas / atual localidade de Águas Claras ). Assim acontece o início do povoamento português-brasileiro do extremo sul.
João de Magalhães tem destaque em vários livros de história como um dos primeiros desbravadores do continente e responsável pela ocupação da região de Viamão. Mas qual seria o interesse destes desbravadores em atingir esta região ? Além das iniciativas de Portugal, através do seu Rei, D. João V, de ampliar os seus domínios territoriais, haviam outros objetivos: conduzir tropas de gado “orelhano” para os mercados em que eram comercializados, como já vimos, e descobrir minas de ouro e prata que acreditavam estar a oeste de Tramandai.
É necessário esclarecer que região geográfica estamos referindo ao falar dos “Campos de Viamão”. Francisco Riopardense de Macedo demonstra que abaixo de Laguna toda a região que conhecemos hoje por Rio Grande do Sul era denominada de “Campos de Viamão” e “Campos de Tramandai”. Assim ele se refere: “Neste grande litoral do Rio Grande, ao norte da Lagoa dos Patos e a leste da desembocadura do Rio Jacuí, bem na frente do estuário do Guaíba, proliferavam as estâncias. Eram os campos de Viamão e os Campos de Tramandaí.” (Macedo, 1968).
Em meados de 1740, fato semelhante provocaria o surgimento de um outro povoado. Francisco Carvalho da Cunha doaria uma légua de terra para a construção de uma outra capela, a de Nossa Senhora da Conceição do Viamão, que logo se transformaria em uma igreja. Em volta desta igreja fundou-se um grande povoado, povoado de Viamão, que já em 7 de novembro de 1747 era elevado à categoria de freguesia pelo Bispo de São Paulo, Dom Bernardo Rodrigues Nogueira.
O povoado de Viamão estava distante do mar (cerca de 120 Km) e sem possibilidade de erguer qualquer tipo de porto na sua costa, só possuía comunicação com o restante do Brasil por terra. Porém, em determinado momento, descobriram, a mais ou menos 60 Km de distância da sede do povoado, uma grande lagoa denominada de “Guaybe” pelos indígenas. Este fato levou os habitantes de Viamão a criarem um porto naquele local, o Porto de Viamão. Este mesmo porto passaria a ser denominado Porto do D’Ornelas ou Porto do Dorneles , quando da radicação de Jerônimo de Ornelas (mais seus agregados e parentes) naquele mesmo local e de Porto do Dionísio, quando utilizado como escoadouro da estância de Dionísio Rodrigues Mendes (Fundador da Capela de Nossa Senhora de Belém, hoje Belém Velho). Portanto, quando falamos do “Porto de Viamão”, dentro deste contexto histórico aqui traçado, a referência que se faz é ao primeiro porto que existiu nas imediações do atual Cais do Porto de Porto Alegre, lembrando que toda a região que atualmente se assenta Porto Alegre e Região Metropolitana era na época conhecida como “Campos de Viamão”.
É importante destacar que precisamos ter muita atenção quando estamos falando de um período histórico longo como este que aqui traçamos (de 1730 a 1999). Não se pode simplesmente imaginar o que acontecia naquela época, a partir das noções de divisão de fronteiras entre cidades e municípios que temos hoje ou sobre as dimensões das regiões que hoje conhecemos. Durante este longo intervalo de tempo muitas reestruturações ocorreram, tanto na disposição do espaço físico (aterramento, mudança de curso e rota de rios e córregos, por exemplo), propriamente dito, bem como nas formas e maneiras de denominar e referir este espaço.
Anexamos a este texto um mapa de Clóvis Silveira de Oliveira que auxilia o entendimento das rotas utilizadas nas expedições de João de Magalhães e possibilita a visualização da organização espacial na época do desbravamento do extremo sul do Brasil.





JERÔNIMO DE ORNELAS - O Sesmeiro do MORRO SANTANA



“Podemos incluir entre os heróis construtores da sociedade e da história humanas, em condições de igualdade com os maiores, o patriarca Jerônimo de Ornelas Menezes e Vasconcelos, o homem de visão que, ocupando com seu pouso e, depois, estância de criar, as terras que constituem hoje, o município de Porto Alegre, deu início ao povoamento e fundação da mais tarde capital do Rio Grande do Sul.”
Walter Spalding

“O Morro de Santana é um microcosmo do Rio Grande do passado.”
Apolinário Porto Alegre

Logo após ao desbravamento do extremo sul do Brasil, através das Expedições de João de Magalhães, como já vimos anteriormente, surge uma outra figura histórica de grande importância para a fundação das cidades de Viamão e de Porto Alegre e que também deixou as suas marcas gravadas no solo, nas pedras, nas figueiras centenárias do Morro Santana e também no nosso imaginário, na nossa memória cultural. Pela inexistência de pesquisas históricas e por falta de disponibilidade de pesquisadores interessados em se deter nos fatos históricos que remontam a fundação da Santa Isabel, ficamos até hoje sem respostas para uma série de questões que remontam os séculos anteriores ao que vivemos. Por muitos e muitos anos a população da Santa Isabel desconheceu o seu verdadeiro pai fundador, entretanto este livro pretende dar a sua contribuição no sentido de restabelecer algumas verdades históricas imprescindíveis para a nossa afirmação enquanto povo isabelense consciente da sua condição histórica relevante para Viamão, para o estado e para o país. Porto Alegre, enquanto capital do estado e, portanto, dispondo de diversos recursos técnico-científicos e de orçamento, desenvolveu diversas pesquisas sobre a sua fundação. Infelizmente, Viamão ainda não conseguiu fazer o tipo de investigação científica que nos auxilie a resgatar a nossa memória histórica no seu todo e de uma forma articulada com a história das cidades que nos rodeiam. Este livro representa um primeiro passo neste sentido. Vamos aos fatos históricos:
Em 1732 JERÔNIMO DE ORNELAS MENEZES E VASCONCELOS estabeleceu-se no PORTO DE VIAMÃO. O local escolhido para construir a sede de sua sesmaria foi o MORRO SANTA ANA (ou Santana). Nascido em 1690 na Vila de Santa Cruz, Ilha da Madeira, Jerônimo, segundo dados de vários historiadores, descendia da melhor gente do lugar, filho de João Pestana Veloso e dona Antônia Muniz, veio para o Brasil estabelecendo-se inicialmente em Minas Gerais, mudou-se após para Guaratinguetá, São Paulo, onde contraiu núpcias em 1723, com dona Lucrécia Leme Barbosa, nascida nesta mesma cidade. O casal teve dez filhos, mas todos os descendentes legítimos são-no por linha feminina, uma vez que eram oito filhas que casaram e dois filhos que faleceram solteiros. Diversos pesquisadores afirmam que a sua prole daria destacada descendência no Rio Grande do Sul. O historiador Spalding, por exemplo, destaca várias qualidades suas, afirmando: “Jerônimo de Ornelas, tropeiro-bandeirante, foi criado depois de ter aportado ao Brasil, nos meios sócio-econômicos-políticos que precisavam do homem livre a ativo, mais do que do simples homem-máquina estabelecido pela escravatura. Por isso, como tropeiro, chefe de família patriarcal, iniciador voluntário de povoamentos, suas atividades sempre se orientaram dentro dos princípios liberais que eram, aliás, um dos princípios norteadores de açorianos e outros ilhéus. Jerônimo de Ornelas, originário da Ilha de Madeira trazia, portanto, já no sangue aqueles princípios que aqui se desenvolveram ao contato do bovino, o mais autêntico educador do caráter e da têmpera nobre e elevada do gaúcho que surgiria ao encerrar-se o século XVIII (...)
Jerônimo de Ornelas descendia da melhor gente da Ilha da Madeira e contava entre seus ancestrais nomes respeitáveis e heróis brasileiros e portugueses como João de Ornelas, o salvador do território de Cafina, na África Ocidental Portuguesa, e João Fernandes Vieira, o herói pernambucano na expulsão dos holandeses.”

A SESMARIA DE SANTANA , destinada a estância de criar (fazenda de criação de ovinos, bovinos, eqüinos), teve a legalidade de sua posse requerida logo após a sua ocupação e a 5 de novembro de 1740 iria obtê-la por despacho do Capitão General da Capitania de São Paulo e Minas Gerais - Dom Luiz Mascarenhas, em nome de Sua Majestade, dada na Vila Boa de Goiás. Segundo os dados históricos que recolhemos na nossa pesquisa, esta fazenda tinha os seus limites definidos da seguinte forma:
Ao Norte, com a fazenda do Ten. Francisco Pinto Bandeira, tendo como divisa o Rio Gravatai; Ao sul, com as terras de Sebastião Francisco Chaves, tendo como divisa o Rio Jacareí (mais tarde chamado Arroio Dilúvio ou simplesmente Riacho); A Oeste, as praias do Rio Grande (conhecido na época como Igahiba ou Lagoa de Viamão, hoje Rio Guaiba) e a Leste, com as terras de Francisco Xavier da Azambuja, tendo como divisa o atual Arroio Feijó e seu afluente mais tarde conhecido por Arroio Dornelles, incluindo todo o Morro Santana.
Nas medidas atuais usadas no Rio Grande do Sul, essa sesmaria teria uma área aproximada de 14.000 hectares. Essa concessão foi confirmada por carta Régia de 23/01/1744 e registrada a 11 dezembro desse mesmo ano, no Livro de Ofícios e Mercês de Lisboa no Porto de Viamão, visada a 20 de julho de 1754 pelo Governador, conde de Bobadela, General Gomes Freire de Andrade.
O Morro Santana figura como uma referência geográfica importante na documentação histórica consultada em nossa pesquisa devido a dois aspectos: Em primeiro lugar por ter demarcado os limites da sesmaria que pertenceu primeiramente a Jerônimo de Ornelas e, posteriormente, a Inácio Francisco. Em segundo, por ter abrigado a sede da estância de Santana, local onde residiram os dois primeiros proprietários dessa sesmaria.
É necessário destacar que grande parte desta sesmaria (ou fazenda) estava assentada no local onde encontramos hoje a Santa Isabel. Podemos comprovar esta informação através da investigação de SÏTIOS ARQUEOLÓGICOS encontrados e pesquisados na Santa Isabel, ou seja, existem provas materiais e concretas desta ocupação humana iniciada por Jerônimo de Ornelas. Além disso, temos diversos depoimentos dos antigos moradores que declaram as especificidades desta região como local de criação de animais, de atividades pastoris, ou seja, oriunda de uma organização agrária que secularmente veio se alterando nos seus limites e dimensões. A partir de uma primeira grande estância (a de Ornelas), com a desapropriação desta, vieram outros donos que a partiam, dividiam (e vendiam) em diversas fazendas menores, sem mudar a característica principal: o uso da terra para o desenvolvimento de culturas agrárias, criação de animais, etc. Além desta constatação concreta, anexamos um recurso iconográfico (Mapa) que traz o traçado da organização espacial nesta época da Sesmaria de Santana e seus limites. Através do mapa podemos perceber claramente que naquele momento histórico (1740) não havia uma divisão geográfica oficial entre Viamão e Porto Alegre como temos hoje e, portanto, a fazenda de Jerônimo de Ornelas tomava parte dos lugares que conhecemos atualmente como Porto Alegre, Viamão e Santa Isabel. Em função desta constatação, podemos afirmar que Jerônimo de Ornelas além de já ser considerado como fundador da cidade de Porto Alegre, também é fundador da Santa Isabel, especialmente pelo fato de, como vimos, na época não existir esta divisão geográfica que conhecemos hoje (Porto Alegre, Viamão, Santa Isabel)
É recorrente a referência em diversos documentos históricos a denominação de “Estancia chamada Santa Anna do pé da capela de Viamão”. Esta denominação “Ao pé da Capela de Viamão” encontrada em documentos oficiais para referir a sesmaria de Ornelas abre uma outra constatação histórica muito importante. A fazenda de Jerônimo de Ornelas estava voltada para a atual Cidade de Viamão, dando as costas para o Rio Guaiba. Portanto, esta constatação também reafirma o que aqui já destacamos: a fazenda de Ornelas estava assentada sobre uma grande parte da região onde se encontra hoje a Santa Isabel. O historiador Eduardo Neumann declara a esse respeito que: “De acordo com os dados históricos, a sede da estancia localizava-se ‘ao pé da capela de Viamão’. Portanto, a sede estava voltada para Viamão, ocupando a face leste do morro, tanto por sua melhor localização como por condições mais favoráveis a fixação (protegido do vento sul) e pela facilidade na exploração dos recursos. Ao longo desta encosta, situada a leste, existem algumas trilhas por onde facilmente se atinge as partes mais elevadas do morro. Essa área apresenta uma localização privilegiada, com excelente visão para o ‘arraial de Viamão’, Segunda povoação estabelecida no Continente em 1741. Os primeiros sesmeiros que ocuparam e requereram terras na área mais próxima do Guaiba voltavam-se as suas costas para ele e se prendiam a Viamão. A ocupação estabelecida no morro, portanto, estava orientada em relação a essa povoação, pois o ‘(...) sítio de Viamão é excelente e seria sem comparação a nenhum outro se tivessem porto de mar, estava bastante cheio de moradores que tinhão feito excelentes propriedades de casa, como o Continente não tem outra parte alguma (...)’ emprestando, inclusive, seu nome para toda a área circunvizinha. Segundo um conhecido historiador da cidade, os primeiros estancieiros a ocuparem os campos de Viamão, ‘montavam a sede das estancias em elevação mais ou menos acentuadas e, quase sempre, mais próximas do nascente povoado de Viamão do que a beira do estuário do Guaiba.’ Assim é possível inferir, com base na documentação consultada, que o local escolhido no Morro Santana em meados do século XVII, para receber as principais instalações da estancia homônima ao morro ESTAVA VOLTADA PARA O ATUAL MUNICÍPIO DE VIAMÃO e apresentava excelente condições ao estabelecimento humano.” (Neumann, 1996)





A Descendência de Jerônimo de Ornelas


Jerônimo De Ornelas Menezes e Vasconcelos nasceu em 1690, na Vila de Santa Cruz, Ilha da Madeira – Portugal. Faleceu a 27/09/1771, na Freguesia de Nossa Senhora Bom Jesus do triunfo. Filho de João Manoel Pestana Veloso e Antônia Moniz, da mesma Ilha da Madeira. Neto de Manoel Homem da Costa e Izabel Moniz de Menezes. Bisneto de Jerônimo de Ornelas Abreu (II) e Bernarda de Menezes. Casou-se em Guaratinguetá-SP , em 1723, com Lucrécia Leme Barbosa Nascida na Freguesia de Santo Antônio de Pádua de Guaratinguetá – SP. Filha de Baltazar Corrêa Moreira e Fabiana da Costa Rangel. Descendia do capitão Mor Domingos Luís Leme, fundador de Guarantinguetá, em 12/02/1651 e já sesmeiro no lugar desde 1643. Jerônimo e Lucrécia tiveram 10 filhos, eram 8 do sexo feminino e 2 varões, que morreram solteiros. Os 3 primeiros nasceram ainda em São Paulo, o 4º em Laguna e os 6 últimos na Sesmaria de Santana - Viamão. São filhos de Jerônimo de Ornelas e Lucrécia Leme Barbosa:
1 - Fabiana de Ornelas - Batizada em 1724 - Guaratinguetá S.P. Faleceu 1765. Era casada com José Leite de Oliveira - nascido em 1714 em Cabeceiras de Basto, Arcebispado de Braga – Portugal, falecido em Viamão, em 1774 e foi sesmeiro na região de Taquari.
2 – Rita De Menezes - Nasceu na Freguesia de Facão, hoje cidade de Cunha, na época, Bispado de São Paulo. Faleceu em Santo Amaro – RS, em 1801. Casou-se com o Capitão Francisco Xavier de Azambuja, natural de São Paulo, falecido em Triunfo em 1768.
Este era filho de Manoel de Azambuja – natural do Ribatejo, na Vila de Azambuja - Portugal e de Francisca de Oliveira Leite, natural de São Paulo. Francisco Azambuja e Rita Menezes são as raízes da família Azambuja no Rio Grande do Sul. A sesmaria limitava pelo leste com a de seu sogro Jerônimo de Ornelas , em Viamão . Mais tarde obteve uma sesmaria concedida por Gomes Freire de Andrade na confluência dos rios Jacui e Taquari.
3 – Antonia Da Costa Barbosa - Batizada em Guaratinguetá - SP a 9 de outubro de 1727. Faleceu a 18/08/1814 em Triunfo. Casou com Manoel Gonçalves Meirelles, nascido em 1707 em Mondim de Basto, Arcebispado de Braga - Portugal. Faleceu ele em 1777. Foi sesmeiro nas imediações da confluência dos rios Jacui e Caí. Do casal descendem 12 filhos entre eles Perpétua da Costa Meirelles que foi batizada em Viamão, em 1754. Faleceu em Porto Alegre, em 1803. Ela casou em Triunfo, em 1774 com o Capitão Joaquim Gonçalves da Silva, natural de Santa Marinha de Real, Bispado de Lamengo - Portugal. Era filho de Manoel Gonçalves da Silva e Josefa Maria, ambos de Santa Marinha. Joaquim Gonçalves da Silva, por volta de 1780 já era proprietário de sesmaria na região do Camaquã, tendo adquirido três ao todo: a do Cistal , a do Cordeiro e a do Duro.
Do Capitão Joaquim Gonçalves da Silva e Perpétua da Costa Meirelles houve 14 filhos , entre eles: Bento Gonçalves da Silva, líder do Movimento Farroupilha e 1º Presidente da República Riograndense. Era o 10º filho do casal, nascido em Triunfo a 23 de setembro de 1788, falecido em 18/07/1847, em Pedras Brancas, atual cidade de Guaiba.
4 - Maria Leme Barbosa - Nasceu em 1732 na Freguesia de Santo Antônio da Laguna, faleceu em 1792 em Taquari. Casou-se em Viamão, em dezembro de 1747 com o Tenente Francisco da Silva .
Francisco foi sesmeiro em propriedade confrontante com a de seu cunhado Manoel Gonçalves Meirelles. Todas estas propriedades localizavam-se entre os rios Jacui e Taquari, nas proximidades da propriedade do sogro Jerônimo de Ornelas que para lá se mudara.
5 - José Raimundo Dorneles - Nasceu em Viamão, em 1733. Não casou, e foi, provavelmente, o 1º varão nascido no continente. Em incidente com Antônio Agostinho Castel Branco acabou matando este, fato que apressou a venda da Sesmaria de Santana que seu pai fez a Inácio Francisco de Melo.
6 - Manoel Dorneles - Nasceu em Viamão, em 1735. Não casou, morreu afogado na passagem do Rio dos Sinos, em 1757 quando tinha 22 anos.
7 - Gertrudes Barbosa De Menezes - Nasceu em 1736, em Viamão e faleceu em Triunfo, em 1820. Foi, provavelmente, a 1ª mulher nascida no Continente. Casou com Luís Vicente Pacheco de Miranda, nascido em 1722, em Ponte De Lima - Portugal, falecido em Triunfo, em 1802, este era filho de Francisco Pacheco e Catarina da Costa.
8 - Clara Barbosa De Menezes - Nasceu em Viamão, faleceu em 1789, Porto Alegre. Casou com José Fernandes Petim, da Freguesia de Santa Maria de Abedim, Arcebispado de Braga, Portugal. Também faleceu em 1789, em Porto Alegre. Este era filho de Domingos Fernandes Petin e Cristina Fernandes, naturais de Portugal.
9 - Tereza Barbosa De Menezes - Nasceu em Viamão, em 1742. Faleceu em 1810, em Porto Alegre. Casou em 1758, em Triunfo, com o Alferes Agostinho Gomes Jardim, nascido em 1726 em Santo Antônio da cidade de Funchal, Ilha da Madeira. Este faleceu em 1806, em Santo Amaro - RS. Este era filho de Antônio Gomes Jardim e de Felícia Maria de Jesus. Do casal Agostinho Gomes Jardim e Teresa Barbosa descendem 12 filhos, entre eles José Gomes de Vasconcelos Jardim um dos líderes do movimento farroupilha, que nasceu em Triunfo em 08/03/1773, faleceu em Pedras Brancas, hoje Guaiba, em 1854. Casou- se em Porto Alegre, em 1800 com sua prima Isabel Leonor Ferreira, também natural de Triunfo e falecida em Pedras Brancas, em 1863. Ela era filha do capitão Antônio Ferreira Leitão e Maria Meirelles de Menezes, que era irmã de Perpétua da Costa Meirrelles casada com Joaquim Gonçalves da Silva, pais de Bento Gonçalves da Silva.
10 - Brígida Ornelas de Menezes – Nasceu em Viamão. Casou-se em Triunfo, em 1763, com Jacinto Roque Pereira Guimarães, nascido em 1717, na Vila de Guimarães - Portugal. Faleceu ele em 1803 em Viamão, era filho de Custódio Pereira do Lago e de Mariana Rodrigues do Vale Peixoto.
Além destes, ainda são filhos naturais de Jerônimo De Ornelas:
a) Lourenço Dorneles De Menezes - Com a índia Maria Cardoso, de Lagoa Dourada - Minas Gerais.
b) Maria Esperança - Com Luciana Da Luz .





A CHEGADA DOS AÇORIANOS


Com a chegada dos açorianos em novembro de 1752, aconteceram aborrecimentos para JERÔNIMO DE ORNELAS, que mudou-se para a Freguesia de Triunfo em 1757. Contudo, em 1756 um incidente lamentável, que foi o assassinato de um agricultor praticado por seu filho José Raimundo Dorneles, iria apressar a venda dessa sesmaria.
Assim a Sesmaria do Morro de Sant’ana passou para o seu 2º dono: INÁCIO FRANCISCO DE MELO, um açoriano jovem, solteiro mas com capital suficiente para o negócio, que foi efetuado por oitocentos mil réis (800 $ 000). Esse açoriano certamente não integrava os casais de número, pois estes eram agricultores de poucos recursos.
Em abril de 1769 José Marcelino de Figueiredo é nomeado Governador do Rio Grande. É na sua gestão que essa sesmaria vai ser desapropriada. Nela será fundada a Vila De Porto Alegre a 26 de março de 1772, na mesma ocasião que serão repartidas as “datas” entre os açorianos. Já no ano seguinte, a 25 de julho reconhecendo a importância estratégica do lugar, o Vice Rei, Marquês Do Lavradio, por insistência do Governo Marcelino, para ela é transferida a administração do Continente, tornando-se capital quando recém era um povoado.
A chegada dos casais açorianos em 1752 marca o início da colonização do então Porto de Viamão (nome dado a um ancoradouro nos fundos da Sesmaria de Jerônimo de Ornellas, onde está agora a Praça da Alfândega). Instalados em casas de palha no local onde encontramos hoje a atual Praça da Alfândega, os casais vindos das Ilhas dos Açores inauguravam o que viria a ser “um arraial bastante fértil”.
Neste período, a relação dos primeiros habitantes com o Rio Guaíba é bastante intensa especialmente por duas razões. Em primeiro lugar, pelo fato de terem chegado até aqui navegando pelas suas águas, portanto em um primeiro contato bastante emocional com o rio. Em segundo lugar, em razão de terem as suas primeiras sociabilidades definidas por um contato diário e intimo com o rio, pois as suas primeiras casas foram construídas nas suas margens. Neste local, passam a se desenvolver atividades econômicas voltadas para a dinâmica fluvial do Rio Guaíba como a construção de barcos e a comercialização de bens de consumo. A instalação da Alfândega em 1804 e a abertura dos portos em 1808 veio a incrementar estas atividades comerciais e a transformar Porto Alegre em um importante centro comercial. O crescimento do vilarejo, impulsionado pelas atividades econômicas locais, traz a necessidade de se ampliar o perímetro que circundava o centro comercial de Porto Alegre. Isto acontece pela primeira vez em 1850, quando o aterro proporciona a abertura de mais uma rua no centro comercial da cidade, atual rua Sete de Setembro. Este avanço sobre as águas só vai terminar em 1978, quando um outro grande aterro propicia a construção de dois grandes parques na cidade, Parque Marinha do Brasil e o Parque Maurício Sirotski Sobrinho.




INÁCIO FRANCISCO DE MELO - Comprador da Sesmaria de Sant’ana de Jerônimo de Ornelas


Já sabemos que Jerônimo de Ornelas foi o fundador deste lugar, sendo junto com João de Magalhães um dos primeiros desbravadores do extremo sul do Brasil, da sua origem portuguesa e, portanto, da sua importância para a nossa história local. Agora passamos para o “co-fundador” do lugar, o açoriano Inácio Francisco de Melo. Porém, antes de entrar especificamente na história deste português que também deixou as suas marcas impressas nesta região, gostaríamos de destacar a nossa intima relação com a cultura açoriana que começa com a chegada dos “casais de número” no “Porto de Viamão”, especialmente com a instalação de Inácio Francisco Melo no Morro Santana.
A cultura açoriana é fundante de diversas expressões e manifestações culturais locais. A Secretaria Municipal de Cultura de Viamão mantém uma “Sala Açoriana” nas suas dependências que tem por objetivo resgatar a relação que possuímos com este povo. Além desta iniciativa, temos ainda inúmeras outras, muitas vezes anônimas e informais, que reúnem todos os esforços necessários para não permitir que as nossas raízes culturais se extingam com o passar dos anos. Dentre elas, merece destaque a iniciativa de um grupo de educadores da Escola Isabel de Espanha que recentemente fundaram a “Sala Açoriana Antero de Quental” .
Alguns prédios com características da arquitetura açorianas que, resistindo ao desgaste do tempo, ainda permanecem entre nós são também uma clara demonstração da nossa relação intima com os açores. Dentre eles, gostaríamos de destacar dois que estão na região geográfica que este estudo propõe investigar. O primeiro está na divisa de Porto Alegre com Viamão (Final da Avenida Bento Gonçalves – Início da RS 040) e trata-se de um prédio que mantém a sua estrutura original, com alterações em algumas aberturas (Portas e Janelas). Merece um destaque para a sua cobertura que ainda permanece com telhas de barro, provavelmente oriundas de Laguna como acontecia com a maior parte das coberturas dos prédios do século passado. Este prédio está desocupado, abandonado e o seu proprietário colocou-o a venda. Encontra-se em uma região que tem demonstrado um acelerado reordenamento urbano e situa-se na margem de uma avenida com grande tráfego de veículos, portanto, merece todo um cuidado muito especial. A sua permanência e revitalização são essenciais para a cultura e a história das Cidades de Viamão e Porto Alegre. O segundo prédio está na Estrada Caminho do Meio (Prolongamento da Avenida Protásio Alves), próximo ao acesso viário para o Loteamento Porto Verde (Município de Alvorada). O prédio é utilizado ainda como residência e tem no seu entorno toda uma ambiência rural típica daquela que era vivida no século passado e início deste, segundo os dados colhidos nos documentos históricos que investigamos. Ao lado da casa, temos vegetação em abundância, com uma grande figueira secular e diversos outros tipos de arbustos e árvores. Merece destaque ainda a criação de animais que pode ser observada por quem passa na Estrada do Caminho do Meio . Este prédio também é coberto por telhas de barro com as mesmas características citadas para o prédio anterior. As suas aberturas apresentam modificações e alterações que descaracterizaram parcialmente sua arquitetura original açoriana. (Veja as fotos dos prédios citados)
Voltando a Inácio Francisco de Melo, destacaríamos que ele era um açoriano inteligente e esclarecido que ainda muito jovem emigrou para o Brasil, provavelmente na mesma época dos demais ilhotas, para povoar o Rio Grande de São Pedro, mas pode-se afirmar que ele não era um dos casais de número já que estes eram pobres agricultores e ele, solteiro em 1763, em Rio Grande, já dispunha de recursos para comprar uma grande fazenda com instalações e algum gado, além de outras despesas. Permaneceu em Rio Grande até o dia em que essa vila foi tomada pelas tropas espanholas de D. Pedro de Ceballos, a 24 de abril de 1763. Integrava a multidão de precipitados retirantes e acossados pela fuzilaria do capitão José Molina. Logo de chegada a Viamão procurou onde empregar o capital que dispunha. Ali fixaria residência e compraria justamente a sesmaria onde surgiria Porto Alegre, Viamão e Santa Isabel incorporando-se, à história do lugar.
Açoriano, nascida na Ilha de Santa Maria por volta de 1733, foi batizado na Matriz da Vila do Porto, no Arquipélago, dos Açores. Faleceu em Porto Alegre a 5 de novembro de 1811. Filho de Antônio Furtado e Clara de Melo, naturais da mesma ilha. Casou com Rosa Inácia, a 28/11/1772, na Freguesia do Triunfo. Esta era natural da ilha Terceira e faleceu em 1834 na Freguesia do Triunfo, era filha de Caetano da Costa e Maria do Rosário, dos casais de número, ambos da Ilha Terceira.

Há 20 anos Jerônimos de Ornelas estava instalado no Morro Sant’ana, sua sesmaria confirmada e ele de plena posse da mesma quando, em 1752, as famílias de açorianos que se destinavam às Missões desocupadas por força do Tratado de Madri em 1750, em decorrência das Guerras Guaraníticas, interromperam esse destino e se fixaram no extremo da península do seu porto (Porto de Viamão). Essa situação agravada com o assassinato praticado por seu filho José Raimundo de Ornelas, onde foi morto um agricultor açoriano, a 8 de dezembro de 1760, motivaram prováveis aborrecimentos a Jerônimo e precipitaram sua mudança definitiva para a Freguesia do Triunfo, onde, desde 1757 já estava residindo. Foi quando INÁCIO FRANCISCO lhe propôs negócio da Fazenda do Morro de Santana, levado a efeito por 800$000 (oitocentos mil réis) a 14 de dezembro de 1762. Há uma ressalva quanto à data deste negócio, primeiro porque a compra se deu quando INÁCIO FRANCISCO veio de Rio Grande (1763) por ocasião da invasão espanhola, segundo porque existe um documento no Arquivo Histórico (maço 5, No. 121) com prova de que a 2 janeiro de 1764 a Fazenda do Morro de Santana ainda pertencia ao seu primeiro dono.
Inácio Francisco foi morar na sua nova fazenda e com ele foi uma modesta família de açorianos também da Ilha Terceira, Vila da Praia, eram Caetano da Costa e Maria do Rosário juntamente com os filhos nascidos nas ilhas, entre os quais Rosa Inácia.
Com a desapropriação da fazenda de Inácio Francisco, a partir de agosto de 1772 foram distribuídas as datas entre os casais açorianos, Caetano da Costa foi um dos sessenta contemplados mas vendeu esta sua propriedade para seu patrício Manuel Fernandes e acompanhou Inácio Francisco na mudança para a nova fazenda do Arroio Dos Ratos.
Desde 1771 Inácio Francisco e Rosa Inácia já estavam noivos. Poucos meses após a mudança para o Arroio Dos Ratos, na Matriz do Senhor Bom Jesus do Triunfo, contraem núpcias o rico Fazendeiro e a modesta açoriana. O casamento foi oficiado pelo Pe. Tomas Clarque aos 28 de novembro de 1772 e cujo assentamento está no Livro No. 1 de casamento da Freguesia do Triunfo, fls. 40. Neste documento aparece pela primeira vez o sobrenome Melo para completar o nome de Inácio Francisco .
Na Fazenda do Arroio Dos Ratos nasceram os 10 filhos do casal. Tiveram 42 netos. Inácio Francisco e Rosa Inácia viveram em perfeita harmonia durante os 39 anos que estiveram juntos. Rosa Inácia ao viuvar, 5 de novembro de 1811, permaneceu até o fim de seus dias na fazenda junto com seus filhos até vir a falecer em avançada idade, no ano de 1834, logo após ter feito seu testamento.
Os dez filhos do casal, todos nascidos em Triunfo (42 netos) são os seguintes:
1 - Violante Inácia De Melo - Batizada a 24. 06. 1774 em Triunfo, onde casou a 24. 05. 1793 com Antônio José Coitinho, da Ilha de Santa Maria. Residiam na fazenda do Arroio dos Ratos e tiveram 4 filhos.
2 - Inácia Joaquina De Melo - (seu nome também aparece como Maria Inácia de Melo e Maria Joaquina de Jesus). Bat. 02. 04. 1776, em Triunfo, onde casou a 15. 08.1808, com Eugênio Joaquim Pires, da Ilha de Santa Maria. Tiveram 6 filhos.
3 – Inácio Francisco De Melo Filho - Bat. 01.10.1777, em Triunfo, onde casou a 15. 06. 1813 com Maria Francisca da Conceição, nascida em Triunfo. Tiveram 3 filhos. Inácio Francisco de Melo Filho, em 1812 era soldado da 1ª Companhia do 1º Regimento de Cavalaria de Milícias e estava tomando parte na guerra incorporado as forças de D. Diogo de Souza, quando da invasão da Banda Oriental.
4 – João Inácio de Melo - Padre bat. 18.07 .1779, em Triunfo.
De 1804 a 1805 foi vigário de Taquari. Foi também Vigário da capela de Santana do Rio dos Sinos, filial da Freguesia de Triunfo, a partir de 05. 02.1806. Faleceu a 14.11.1854.
5 - Antônio José Inácio do Coração de Jesus - Padre Bat. 27.09.1781, em Triunfo. Padre da Ordem de N. S. do Carmo.
6 – Íria Inácia de Melo - Bat. 01.01.1784, em Triunfo, onde casou com Domingos de Araújo Lopes. Tiveram 6 filhos.
7 - Rosa Inácia de Melo - Bat. 08. 10 .1786, em Triunfo, onde casou a 20.08.1808, com Custódio José de Souza. 7 filhos
8 - Inácia Joaquina de Melo - Bat. 02.11 1788, em Triunfo, onde casou a 08.02. 1808, com Antônio José Gonçalves Guimarães, natural da Freguesia de São Bento da Pedreira, em Guimarães - Portugal. Tiveram 3 filhos.
9 - Vicente Inácio De Melo - Bat. 22.11.1790, em Triunfo, onde casou a 06.06.1813 com Maria Inácia de Araújo, de Triunfo. Não tiveram filhos. Em 1836 Vicente Inácio morava no Arroio dos Ratos mas estava envolvido na revolução como combatente farroupilha. Faleceu em 1843 quando a revolução ainda não havia terminado.
10 - Maria Angélica de Melo – Bat. 13. 05.1794, em Triunfo, onde casou com Manuel Rodrigues de Campos, de Triunfo. 5 filhos .

Esse casal, seus filhos, netos e bisnetos, integram os pioneiros no povoamento do Continente e, em particular, da Freguesia do Triunfo, com a Fazenda do Arroio Dos Ratos.
Inácio Francisco ao ter sua fazenda do Morro Santana desapropriada, logo pediu providências ao Governo no sentido de serem avaliados seus bens a fim de fim de receber o pagamento pelo mesmo. Vários anos se passam, INÁCIO FRACISCO recebeu pelas terras uma outra gleba no Tarumã mas não se tem notícias de que haja recebido tudo que lhe caberia pelas benfeitorias avaliadas no Morro Santana.
Cumprindo as determinações do Governador, a 1º de agosto de 1772, o capitão Montanha iniciava a distribuição dos “Certificados de Propriedade” das datas entre os açorianos. A 8 de agosto do mesmo ano se instalavam os primeiros contemplados. Inácio Francisco também recebeu uma dessas frações, onde nunca residiu. Esta data, com nome de chácara, é a que vai aparecer mais tarde, em seu tratamento. Esta “data”, com nome de chácara, é a que vai aparecer mais tarde, em seu tratamento. Ela estava localizada nos arredores da Vila.
Nos mesmos dias em que a Fazenda da Inácio Francisco estava sendo medida e dividida, este entrava com uma petição, junto ao Governador, para que se procedesse a avaliação das benfeitorias existentes nela, para que fosse indenizado pelo Governo, levando-se em conta que, pelas terras, ele receberia uma área de campo com as dimensões da que se lhe estava sendo desapropriada. Esta avaliação solicitada merece destaque, pois possibilita percebermos as potencialidades e reais dimensões das benfeitorias, da criação de animais, do desenvolvimento de culturas vegetais e demais características desta estância.

Auto De Avaliação Das Benfeitorias Da Estância Do Morro de Santana

“Requerimento: Senhor Provedor Da Fazenda Real - Diz Inácio Francisco que para certos requerimentos se lhe faz preciso que o Escrivão da Fazenda passe por certidão o teor da Avaliação feita às casas - pomar - e demais benfeitoras da Estância que do suplicante se lhe tomou para o estabelecimento da Matriz De Nossa Senhora Madre de Deus em Porto Alegre, e o mais excesso de terreno repartido em datas pelos casais transportados à custa de Sua Majestade e para que não duvide pede a Vossa Mercê seja servido mandar passar tudo em modo que faça fé e receberá mercê. –
Passe - Osório

“Domingos De Lima Veiga, Escrivão da Fazenda Real e matrícula da gente de guerra neste continente de Rio Grande De São Pedro, etc.

Certifico que, revendo uns Autos de Avaliação que por esta Provedoria da Fazenda Real se fez requerimento do Suplicante nas benfeitorias da Estância chamada Morro De Santana, que o mesmo Suplicante requer por Certidão é tudo do teor e forma seguinte:

“Ano Do Nascimento De Nosso Senhor Jesus Cristo de mil setecentos e setenta e dois, neste Arraial De Nossa Senhora da Conceição de Viamão, do Continente do Rio Grande de São Pedro, aos quatorze dias do mês de julho do dito ano, na Casa Provedoria da Fazenda Real dele por parte de Inácio Francisco me foi apresentada a petição que adiante junta com o despacho nela posto do Provedor Da Fazenda Real Inácio Vieira, requerendo-me autuasse para o efeito nela requerido, a qual tomei autuei e é ao que adiante se segue de que para constar fiz este termo, e eu Domingos de Lima Veiga, Escrivão da Fazenda Real.

“Diz Inácio Francisco que pela petição inclusa determinar o Senhor Governador se nomeie para esta Real Fazenda e Provedoria dois louvados para com Suplicante fazerem a louvação das benfeitorias da Estância chamada de Morro Santana, ao pé desta capela: e como o Suplicante já os tem nomeado a Amaro Machado e Luiz Ferreira Velho - requer a Vossa Mercê se sirva proceder e nomear os que hão de ser por esta Real Fazenda, e seguir-se os termos do estilo em semelhantes casos praticados. Pede a Vossa Mercê Seja servido deferir ao Suplicante como requer e receberá Mercê. Louvo-me por parte da Fazenda Real em o Tenente Pedro Lopes e o Alferes José Francisco da Silva casado de que se farão os termos necessários para o dia dezesseis do corrente mês.
Viamão, quatorze de julho de mil setecentos e setenta e dois.
Osório.

“Sr. Tenente coronel Governador - Diz Inácio Francisco que à sua notícia em que o Ilmo. e Ex.mo. Senhor Marquês Vice-Rei do Estado determina se tome a Estância do Suplicante intitulada o – Morro Santana - ao pé desta capela, para se repartir pelos casais que às expensas de Sua Majestade foram conduzidos a estes continentes e se dar outro igual terreno ao Suplicante, suas casas, com arvoredo de toda a qualidade, roças, curais e mais benfeitoras, requer o Suplicante a Vossa Senhoria que como para se saber o que valem e a não ficar o suplicante prejudicado e menos a Real Fazenda, se sirva mandar proceder a uma exata e inteligível Louvação nas ditas benfeitorias; para que o Suplicante pela sua parte se louva com Amaro Machado e Luiz Ferreira Velho, e pelo da Real Fazenda, e se fazerem todos os termos devidos em semelhantes casos. Pede a Vossa Senhoria seja servido assim do que - e receberá mercê.

“O Provedor Da Fazenda Real nomeie dois Louvados por parte da mesma Real Fazenda Real, para com os do Suplicante, se fazer a avaliação que requer .
Viamão, treze de julho de mil setecentos e setenta e dois.
Veiga

“Aos dezesseis dias do mês de julho de mil setecentos e setenta e dois, neste Arraial De Viamão Do Continente do Rio grande de São Pedro, na Casa Da Provedoria Da Fazenda Real dele, onde foi vindo o Provedor Da Fazenda Real dele Inácio Osório Vieira, comigo Escrivão da mesma ao diante nomeado e sendo ai aparecerão presentes o Tenente Pedro Lopes Soares e o Alferes José Francisco da Silveira casado, Louvados nomeados pelo dito Provedor, por parte da Real Fazenda, e bem assim Amaro Machado e Luiz Ferreira Velho, Louvados nomeados pelo Suplicante Inácio Francisco para efeito de avaliarem as benfeitorias que compreendem a casa e pomar da Fazenda, lhe foi deferido o juramento dos Santos Evangelhos e cada um de per si, debaixo do qual lhes encarregou que bem e verdadeiramente passassem à dita fazenda e na forma que o Suplicante requeria e com a relação de tudo viessem na presença dele Provedor, dar a sua avaliação, tudo sem dolo nem malícia, e recebido por eles o dito juramento, debaixo dele tudo assim prometeram cumprir e observar, e para constar fiz este termo em que assinaram com o dito Provedor, e eu Domingos de Lima Veiga, Escrivão da Fazenda Real que escrevi.
Osório - Pedro Lopes Soares - Luís Ferreira Velho - José Francisco da Silveira Casado - Amaro Machado.

“Aos dezoito dias do mês de julho de mil setecentos e setenta e dois anos, neste Arraial de Viamão - na Casa da Provedoria da Fazenda Real, Inácio Osório Veiga comigo Escrivão ao adiante nomeado, e sendo ai apareceram presentes o Tenente Pedro Lopes Soares, o Aferes José Francisco da Silveira casado, Louvados nomeados por parte da Real Fazenda, e bem assim Amaro Machado e Luís Ferreira Velho, nomeados pelo Suplicante Inácio Francisco, e por eles foi dito que vinham dar satisfação e cumprimento ao juramento que o dito PROVEDOR lhes havia encarregado, sobre a avaliação das benfeitorias que haviam visto e examinando na mesma fazenda e debaixo do mesmo juramento depunham o seguinte:
Cento e vinte sete laranjeiras, avaliadas cada uma a dois mil quinhentos e sessenta reis que importa trezentos e vinte e cinco mil e vinte réis - Cinco limoeiros de fruto, a trezentos e vinte réis cada um que importa mil e seiscentos réis - Nove pés de marmeleiros a trezentos e vinte réis cada um, dois mil oitocentos e oitenta réis - Duzentos e sessenta pés de pessegueiros - cem pés de figueiras e quatro pés de cidreiras, avaliados tudo em vinte e cinco mil e seiscentos réis. Uma casa grande nova, de telha com um lance de capim de baldrame em que está a atafona, com quatro portas, três fechaduras, suas dobradiças e uma janela, avaliado tudo em cinqüenta e sete mil e seiscentos réis - Um rancho de capim com duas portas de couro e uma fechadura e janela velha, avaliado em seis mil e quatrocentos réis - Uma senzala de telhas com duas portas e duas fechaduras velhas, avaliadas em doze mil réis .
Uma casinha de telha com uma porta e uma janela avaliada em treze mil e seiscentos réis - Um rancho de hóspedes, de capim, com duas portas e fechaduras, velho, avaliado em oito mil réis - Uma casa de vivenda do dono da fazenda com cinco portas de couce, duas fechaduras, assoalhada a sala, coberta de capim, com quatro janelas, avaliado tudo em dezenove mil e duzentos réis - Um curral ao pé das casas com chiqueiro coberto, e queijeira, avaliado em doze mil oitocentos réis
- As benfeitorias da horta, que é de cercas avaliadas em seis mil e quatrocentos réis - Um rincão fechado de cerca nova ao pé da casa, com oitenta braças, em doze mil e oitocentos réis - Um roçado grande e novo, cercado com um curral grande, de moirões e fachina, avaliado em dezenove mil e duzentos réis - Três roçados grandes que levam nove alqueires de trigo de planta cerrada e avaliados em doze mil réis
- Um rancho com duas portas e um curral com sessenta braças de cerca ao pé do passo, quarenta mil réis.
E como os ditos avaliadores fizeram as referidas avaliações assinadas todas com o dito Provedor - E eu Domingos de Lima Veiga, Escrivão da Fazenda Real que o escrevi. –
Osório - Pedro Lopes Soares - Luís Ferreira Velho - José Francisco da Silveira Casado - Amaro Machado.

“E é o que consta dos ditos Autos de Avaliação a que me reporto, em fé do que fiz passar o presente em observância ao despacho retro do Provedor da Fazenda Real, Inácio Osório Vieira.
Viamão, oito de julho de mil setecentos e setenta e três.
Domingos da Lima Veiga, Escrivão da Fazenda Real o Subscrevi e assinei - Domingos da Lima Veiga.”

(Arquivo Público do Rio Grande do Sul)

Estas benfeitorias realizadas na fazenda desapropriada, conforme a avaliação procedida em 18 de julho de 1772, seriam indenizadas pelo Governo do Rio Janeiro, que as pagaria em dinheiro, importando tudo no valor de quinhentos e setenta e três mil e setecentos réis (573 $ 700) .
Dois anos depois, a 18 de abril de 1774, Inácio Francisco passava procuração a seus representantes no Rio De Janeiro, Manuel dos Santos Sousa, Francisco Lopes Sousa e José Rodrigues Ferreira, para
“... Tomar contas a quem quer que as deva dar, com especialidade para cobrarem na Provedoria do Rio de Janeiro várias letras que a Real Fazenda lhe deve e fazerem tudo o mais que ele outorgante fizera se presentes fosse ...”

( Arquivo Público: Livro 4, fls. 92, do 1º Notariado de P.A )

Oitos anos depois Inácio Francisco ainda não havia conseguido receber tudo o que lhe devia a Real Fazenda. E a 26 de maio de 1780, nova procuração é passada aos mesmos representantes, no Rio de Janeiro, dando-lhes novamente procuração, como a anterior, para cobrar” ... papéis ou letras correntes que a Fazenda Real deva a ele outorgante ...”
(Arquivo Público) Livro 6 fls.34, do 2º Notariado de P. Alegre)

Muito antes da desapropriação da Fazenda do Morro De Santana o governador já havia decidido e providenciado em indenizar seu proprietário, dando-lhe, em troca, uma área de terras equivalente aquela que haveria de perder, eram terras situadas nos campos de Tarumã, junto à Estância Real de Bojuru.
Um ano depois de ter entregue sua fazenda Inácio Francisco, que já residia no Arroio Dos Ratos, vai a Porto Alegre e aí faz, em 24 de junho de 1773, um requerimento ao Governador José Marcelino De Figueiredo, solicitando o cumprimento daquela promessa :

“Senhor Coronel Governador. Diz Inácio Francisco que, pelos títulos juntos, mostra ser senhor e possuidor da Estância denominada Dorneles, a qual proximamente, por ordem do Ilustríssimo e Excelentíssimo Senhor Marquês Vice Rei Do Estado, determinada por Vossa Senhoria, lhe foi mandada tomar para Matriz e Estabelecimento da Vila Nossa Senhora Madre De Deus de Porto Alegre, e, por datas repartidas pelos casais conduzidos à custa de Sua Majestade e tudo com o fundamento de se recompensar ao Suplicante com outro terreno de bem ficar pago. Em cujos termos requer a Vossa Senhoria seja servido mandar medir, e demarcar nos campos denominados TARUMÃ, outro tanto terreno quanto se lhe tomaram, para cujo efeito pede a Vossa Senhoria seja servido mandar medir e demarcar o terreno que o Suplicante requer, e que se lhe passem, para seus justos títulos, as clarezas necessária e receberá mercê.”

(Arquivo Público de Porto Alegre – Livro 4 do Reg. Geral, f. 130)

Nessa mesma data o governo despacha o requerimento, pedindo informações à Fazenda Real, qual, por intermédio de seu Provedor, Inácio Osório Vieira, cinco meses depois, a 10 de novembro de 1773, informa da necessidade de mandar medir e demarcar a área requerida. José Marcelino, envolvido em operações militares contra as forças espanholas que haviam ocupado a Vila do Rio Grande De São Pedro, leva mais 5 meses para dar o novo despacho no requerimento de Inácio Francisco. Estando na “Fronteira do Norte” (S. José do Norte), em 16 de abril de 1774, ele determina que o Capitão Alexandre José Montanha”... passe às terras de Sua Majestade, imediatas à Estância do BOJURU e nela faça medir e demarcar igual terreno ao que se tirou ao Suplicante.”

O Capitão Engenheiro Alexandre José Montanha passou aos campos de Tarumã e mediu uma área”... igual número de braças quadradas ao que antes possuía na Estância chamada Morro De Santana ou do Dorneles , na medida de duas léguas e um terço de légua quadrada ...” da qual fez um mapa , tendo passado uma certidão que foi entregue a Inácio Francisco, finalmente a 9 de outubro de 1774, com o seguinte despacho do Governador:
“ Concedo ao Suplicante as terras que faz menção a certidão junta, por mim rubricada, do capitão Engenheiro, por compensação igual das que se tiraram ao Suplicante para data dos casais, vista a informação do Provedor Da Fazenda Real, e se registe para sempre constar.
Porto Alegre, 9 de outubro de 1774
Figueiredo’’.

Esta fazenda, denominada Estância de São Matheus, tinha a forma de um polígono irregular de sete lados e a área de 2 léguas e 1/3 quadradas, estendia-se da Lagoa dos Patos até as praias do Oceano Atlântico .
Inácio Francisco De Melo tendo perdido sua Fazenda do Morro De Sant’ana, no mesmo ano de 1772 mudou- se para a Freguesia do Triunfo, onde casou e passou a viver com sua família nos novos campos comprados junto ao Arroio Dos Ratos.
A concessão dos campos de Tarumã se deu quando já faziam dois anos que havia se mudado para o Arroio Dos Ratos. Ele nunca residiu nos campos concedidos, nem ocupou este com os seus gados ou os explorou diretamente. Nem lá foi pessoalmente para tomar posse de sua nova propriedade. Em 23 de novembro de 1776, dois anos após o despacho do Governador e quatro anos após a desapropriação da fazenda do Morro De Sant’ana, ele passa uma procuração a Antônio Ferreira Mariante e a José Rabelo Novais para que, em seu nome, tomem posse da referida estância em Tarumã.

( Arquivo Público Livro 5 fls. 75 do 1º Notariado de P. Alegre)

Tarumã foi arrendada ao Capitão Mor José da Silveira Bitencourt, que faleceu pouco tempo depois mas sua viuva, dona Inácia Arcângela de Bitencourt, renovou o arrendamento, tanto do campo o da data de Porto Alegre, por mais um ano, a partir de 1º de março de 1777, por 40$ 000.
(Idem: Livro 5, fls 86 No. 667, do 1º Notariado de P. Alegre)

Finalmente, a estância do Tarumã foi vendida a 20 de setembro de 1779 para Luís da Silva Ferreira, pela importância de 1.200$000 (um conto e duzentos mil réis).







FINALIZANDO ESTA PROSA


Chegado ao final desta obra, urge a retomada de algumas idéias já expostas e a explanação de outras considerações finais.
No início deste trabalho falávamos da existência de um historiografia própria da Santa Isabel. Durante o texto podemos perceber que, de fato, esta historiografia existe. Não é possível, porém, afirmar que ela não seja perpassada por toda uma tradição histórica maior que funda a região dos “Campos de Viamão” como um todo. Portanto, para se entender a fundação da região da Grande Santa Isabel, é necessário ir um pouco além das nossas próprias fronteiras espaciais e temporais para perceber que estamos situados em um sítio maior de tradição e culturas muito ligadas aos nossos colonizadores portugueses. Foi exatamente este o esforço que realizamos neste livro, o de mostrar que antes da chegada dos primeiros moradores que ainda hoje estão instalados na Santa Isabel, viviam aqui alguns desbravadores continentais que deixaram as suas marcas. Destes desbravadores, como já desenvolvemos no corpo do livro, Jerônimo de Ornelas Menezes e Vasconceles ocupa um lugar de destaque pela sua coragem, determinação e obstinação. Cabe a nós, a apropriação deste “Herói”, como era reconhecido por alguns historiadores, para a retomada da definitiva exclamação de origem das nossas raízes mais remotas que a história nos possibilitou conhecer. Quanto a data que está ligada a esta origem, acreditamos que o dia 5 de novembro de 1740 marca a fundação oficial do lugar, pois é neste momento que Jerônimo de Ornelas recebe a posse definitiva de suas terras.
Falar da própria aldeia não é tarefa fácil devido aos inúmeros vícios de origem que cultivamos ano após ano. Portanto, toda e qualquer sugestão que venha a contribuir na retomada e reestruturação das idéias aqui expostas serão muito bem vindas. Mais do que bem vindas, são necessárias e imprescindíveis para o enriquecimento necessário da história que só existe pelo fato de nós, seres humanos, estarmos diariamente construindo e definindo os rumos das nossas próprias trajetórias de vida, do lugar em que vivemos e dos semelhantes que nos rodeiam.
A Santa Isabel hoje representa um grande desafio para todos aqueles que buscam pensar, organizar, entender, urbanizar, politizar, catequizar, etc. esta região. De fato, não é uma tarefa simples, nem deve estar nas mãos de um grupo, entidade ou facção. O “descobrimento” da nova Santa Isabel deve ser uma empreitada multi-disciplinar, inter-étnica, despojada de qualquer “pré-conceito”, dogma ou orientação filosófica estreita e estigmatizante. Nesta grande empreita queremos estar juntos dando a nossa contribuição.
Portanto, este trabalho não se extingue aqui, uma vez que continuamos as nossas pesquisas sobre o período histórico posterior a este aqui desenvolvido. Desta feita, os agentes sociais e culturais locais terão toda a prioridade, pois será através da sua recuperação mnemônica que construiremos o trabalho de contar a história da Santa Isabel em sua fase mais recente (1950 – 1999). Trata-se de um verdadeiro e inesgotável resgate histórico e cultural onde cada isabelense poderá, a seu modo, do seu jeito, segundo a sua própria sensibilidade, estar construindo para que as novas gerações tenham a possibilidade de receber um manancial de informações constitutivo da sua formação cultural, étnica e histórica.





PARA SABER MAIS
Obras, autores e documentos que utilizamos na elaboração deste livro e outras tantas que você poderá acessar para saber mais sobre a História da Santa Isabel

AUTORES

1. FLORES, Moacyr. História do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Ed. Nova Dimensão, 1993.

2. FRANCO, Sérgio da Costa. Guia Histórico de Porto Alegre. Porto Alegre: Ed. da Universidade / PMPA, 1988.

3. ________ , ___________ . Porto Alegre e Seu Comércio. Porto Alegre: Ed. Associação Comercial de Porto Alegre, 1983.

4. NORBERG-SCHULZ, Christian. Nuevos Caminhos De La Arquitectura - Existencia, Espacio y Arquitectura. Barcelona: Ed. Blume, 1975.

5. MONTEIRO, Charles. Porto Alegre – Urbanização e Modernidade: a construção social do espaço urbano. Porto Alegre: EdiPUCRS, 1995.

6. COSTA, Alfredo R. da. O Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Livraria do Globo, 1922.

7. COSTA, Maria Fraga Dornelles da. Viamão, Berço da colonização gaúcha. Porto Alegre: Ed. Alcance, 1991.

8. MACEDO, Francisco Riopardense. Porto Alegre: origem e crescimento. Porto Alegre: Ed. Sulina, 1968.

9. NEUMANN, Eduardo. Primeiros povoadores de Porto Alegre (Relatório final de atividade). Porto Alegre, 1996.

10. OLIVEIRA, Clóvis Silveira de. A Fundação de Porto Alegre: Dados Oficiais. Porto Alegre: Ed. Norma, 1987.

11. SPALDING, Walter. Pequena História de Porto Alegre. Porto Alegre: Ed. Sulina, 1967.

12. JACOMINI, Jaques. Estudo Antropológico de um espaço urbano singular: Cais do Porto de Porto Alegre (ou da Cidade que tem porto até no nome). Porto Alegre: Mimeo, 1998

13. ------------ , ------- . Os Campos de Viamão e o Porto de Viamão. Viamão: Jornal Correio Rural, 1999.

14. ----------- , -------- . O Porto de Viamão recebe os casais açorianos. Viamão: Jornal Correio Rural, 1999.

15. ---------- , ------- . Viamão – Capital do Estado do Rio Grande do Sul. Viamão: Jornal Correio Rural, 1999.

16. --------- , ------- . Morro de Santa Ana (ou de Santana) – Patrimônio Etnológico. Viamão: Jornal Correio Rural, 1999.


OUTRAS FONTES CONSULTADAS


História Ilustrada de Porto Alegre. Autores diversos. Porto Alegre : Ed. Já Editores, 1997.
MORRO SANTANA. Autores diversos. Porto Alegre: Ed. Prefeitura Municipal de Porto Alegre.
Arquivo Público de Porto Alegre
Arquivo Público do Rio Grande do sul
Instituto de Estudos Genealógicos do Rio Grande do Sul
Arquivos de batizados da Igreja Matriz de Viamão
Arquivos de batizados da Igreja Matriz de Triunfo

















ANEXO 1



TRIBUTO AO MORRO SANTANA


Ao Cair da Tarde nos pés da Capela de Santa Ana

Finda o dia aos pés do Morro de Santa Ana (ou Santana).
Aquela luz, altiva e forte, que nascera contemplando o vale,
Agora desce lenta e calma, para descansar em definitivo atrás do oiteiro de Ornelas.

Protegidos no interior do vale,
Toda uma nação também se prepara para o repouso diário.
A noite pode ser fria, mas o vento não nos alcança,
Graças ao poder incomensurável da tua proteção, ó imenso parceiro !!
Já nos denominaram de “Campos de dentro de Viamão”,
Cultura endógena facultada claramente a quem nos protege e estimula, Morro de Santa Ana.

Em nome de uma tal de “Cultura Material”, te escavam, te corrompem, te dilaceram buscando acesso ao teu passado nos sítios arqueológicos que guardas como prova da tua história e magnitude.
Para preservar a tua integridade, a tua forma e tua face nada mais racional do que “escavar” apenas os teus sítios mnemônicos, presentes no imaginário dos teus filhos que guardam com carinho tuas lembranças.

Em nome de uma tal “Dinâmica Urbana”, te alteram, te danificam, te ferem, quase te exterminam. É a luta pela vida, pela permanência da existência das vidas humanas que só existem no interior desta capela graças a tua magnifica existência.
Contudo, a tua sabedoria e bondade é maior do que a atrocidade e a brutalidade humana que te aflige, pois permanece altivo e forte fornecendo o pão que alimenta o teu povo, a lenha que aquece nas noites frias de inverno e os sonhos que alimenta as almas daqueles que por opção ou necessidade vivem nas tuas encostas.


Ao Cair da Tarde nos pés da Capela de Santa Ana

A tua história de vida é secular nesta retomada diária de nascimento e ocaso do amigo sol. A minha é reduzida a algumas décadas em que acompanho atento o momento em que guardas o sol a tuas costas.
E só para lembrar, tudo começou com um desbravador, homem leal, forte e aguerrido, oriundo da Ilha de Madeira, Portugal, chamado Jerônimo de Ornelas Menezes e Vasconcelos. Depois veio o Inácio de Francisco que comprou a estancia de Jerônimo. Logo após vieram os religiosos Padres José Gomes de Farias e Manoel Garcia de Mascaranhas. O capitão Pedro Lopes Soares viria a sucedê-los e tantos outros que hoje seria impossível enumerá-los.
Na contingência desta linhagem, tão altiva e magnânima quanto a tua própria existência, eu me apresento como herdeiro desta tradição, como soldado de defesa da tua imagem, da tua história e da tua própria permanência entre nós.
A defesa da tua integridade física, histórica e cultural é uma obrigação tácita para as gerações que nos sucederão neste universo protegido, hoje conhecido pela denominação também religiosa de uma outra santa, a Santa Isabel (da Hungria). As dificuldades do teu povo que escolheu a Santa Isabel como sua padroeira por se tratar da santa protetora dos pobres, doentes e necessitados amplia o contraste com a abundância e a riqueza das tuas potencialidades naturais.


Ao Cair da Tarde nos pés da Capela de Santa Ana

Guapira opposita (Vulgo maria-mole), mata-olho, araçá do mato, capororoca, tanheiro, cafeeiro-do-mato, Moritzia ciliata, Schlechtendalia luzulaefolia, ...
Estas são algumas das espécies vegetais que abrigas.
Ponto culminante desta região, do alto dos teus 311 metros é possível avistar quase tudo ao teu redor. Contudo, a essência do teu cume não está na tua forma, mas na tua rica história.

Já te ameaçaram muito, das tuas entranhas extraíram madeira, pedras, água.
Talvez este tenha sido o preço que tevês que pagar para abrigar e fomentar a população que hoje vive no teu vale.
Apesar das inúmeras cicatrizes que te deixaram, a tua natureza respondeu mais alto, renovando o teu potencial hídrico, vegetal e paisagístico.
Além desta ameaça física, direta e explicita, acredito que a maior ameaça que sofres é outra. Mais contumaz pela sua própria especificidade, silenciosa, sorrateira e paulatina, a maior ameaça que sofres talvez seja o esquecimento da tua história
O desconhecimento da tua magnitude e
O desprezo pela tua importância natural, histórica e cultural.
Neste sentido, a nação que tanto protegeste e que proteges tem uma imensa dívida.
O povo do Vale de Santa Ana (ou da Santa Isabel) te deve este reconhecimento.

Resgatando a minha parcela nesta dívida, te dedico estas palavras, como quem escreve uma carta para um pai que de não muito distante protege os seus filhos, mesmo que estes, por vezes, não o perceba.



JaCques Jacomini

CONSIDERAÇÕES ATUAIS* SOBRE O TEXTO APRESENTADO:
Livro: “Os Primórdios da História da Santa Isabel”

“É necessário revirar os nossos baús, de tempo em tempo, a afim de que visualizemos peças perdidas ou esquecidas” Zeferino

01 – É importante reafirmar que o texto apresentado no livro é parte de um material bastante extenso, fruto de vários anos de pesquisa. Diversas imagens fotográficas e iconográficas não puderam ser incluídas por problemas diversos (especialmente pelas limitações financeiras e técnicas). Quem tiver interesse de saber mais sobre o conteúdo ausente na obra deve entrar em contato;
02 – O texto apresentado no site pode apresentar diversos problemas de edição e formatação devido a transposição dos dados feitos a partir do original. Portanto, carece de uma revisão que não aconteceu por limitações diversas;
03 – O trabalho intelectual reflete muito do momento vivido pelo pesquisador/pensador. Este trabalho foi realizado em um período muito específico da minha caminhada e, como não podia deixar de ser, reflete exatamente isto;
04 – É muito bom para mim, como ser humano, indivíduo que pensa o seu meio e o seu tempo, re-visitar estes escritos. Em primeiro lugar, pelo fato de constatar que já ofereci bastante do meu esforço pessoal para a valorização e resgate da nossa memória e história local. Em segundo lugar, pelo fato de que “é necessário revirar os nossos baús, de tempo em tempo, a afim de que visualizemos peças perdidas ou esquecidas” (ZB). A nossa memória (física/biológica) age por estímulos (imagens, sons, etc). Se não há estímulo ocorre o esquecimento. O esquecimento rompe as referências, base do nosso saber e intuição. Portanto, ative-se. Procure o estímulo necessário para que não fique alienado do que interessa tomar consciência.
·         * Ultima atualização em abril de 2011.







CONSIDERAÇÕES ATUAIS* SOBRE O TEXTO APRESENTADO:
Livro: “Os Primórdios da História da Santa Isabel”

     A pesquisa continua. Ainda sofremos com limitações técnicas e físicas para processamento do material disponível para o aprofundamento da pesquisa sobre a Santa Isabel. O acervo foi todo transladado para a “Casa Branca”. As “mudanças” acarretam uma necessidade temporal de readaptação ao novo lugar e é exatamente isto que está ocorrendo atualmente. Contudo, dedicamos esta “atualização” a uma outra questão: Plágio.
     Pela primeira vez, debruço-me em uma comparação literal entre o meu original e o texto copiado pelo desenvolvedor de um web site. Inicialmente, o texto estava em apenas um domínio (http://www.vilasantaisabel.com.br), mas percebemos esta semana que o mesmo texto está sendo reproduzido em outros webs sites desenvolvidos pelo mesmo cidadão. Veja abaixo em azul o texto que eu publiquei em 1999. Após transcrevo o texto (em verde) do referido site. Concluo com os trechos copiados exatamente conforme o meu original (em vermelho).

SEJA BEM VINDO À SANTA ISABEL

Para quem chega pela primeira vez, a impressão inicial é semelhante a de quem entra em um vale. A imagem imponente do Morro de Santana já está ali incólume, como quem dá as boas vindas e registra: seja bem vindo a um vale da afluência. E a relação com este imenso tótem isabelense parece ser, de fato, muito intima. Basta percorrer a Avenida Liberdade, coração da Santa Isabel, em toda a sua extensão que, ao final dela, na confluência com a Avenida Paraná você estará novamente diante dele. Imponente, secular, protetor, revelador, enfim, você estará diante do Morro Santana.
No deslocamento até o final da Avenida Liberdade, você passou por vários locais que marcam o jeito de ser do isabelense, preste atenção:
A Praça da Santa Isabel, local de encontro das mais diversas gerações deste lugar, quase ao lado da Praça você encontra diversas opções de cultura e lazer na Locadora de Fitas Cinematográficas, Laboratório Fotográfico e Tabacaria do Jairo (Vídeo e Foto Mania) e na Livraria do Pertile (Artecolor Pertile), mais adiante você abastece o seu automóvel no Posto de Combustível Bonetto, o primeiro e único da Santa Isabel. Bateu aquela fome ? Não se preocupe, já estamos próximos do Restaurante do Cristiano, tradicionalmente conhecido como “Super Xis Genesini”, que oferece lanches, refeições e bebidas em um cardápio bastante variado. Feita a refeição, cruzando a confluência da Rua Rincão da Querência com a Avenida Liberdade, você estará diante do templo religioso de maior significado para os isabelenses. Aqui mora a Santa Protetora, a Padroeira, a Rainha Isabel. Foi no entorno da sua graça e adoração que a gente deste lugar se fez povo devoto de uma tradição milenar de apoio e defesa dos pobres, excluídos, doentes e incapazes. Não esqueça, ao passar pela casa da Santa Isabel, faça a sua prece, agradeça ou solicite a sua benção que a sua estada aqui será valiosa. Juntamente com a fé, atualmente a tecnologia também passa a fazer parte do nosso cenário, pois já estamos na Rede Mundial de Computadores (INTERNET), Você Sabia? Então, anote o endereço: HTTP://GO.TO/SANTAISABEL. O desenvolvedor e criador da página é o amigo Paulo Lilja. Se você quiser saber mais sobre este ambicioso projeto de disponibilizar a nossa aldeia para o mundo acessar via-rede converse com o Paulo no seu escritório que ele terá o máximo prazer em recebê-lo.
Assim é a Santa Isabel, local de fé, de trabalho, de luta por um amanhã mais justo e solidário. A nossa história passa a ser resgatada a partir de vários esforços como este que aqui empenhamos na construção deste livro. Faça a sua parte, contribua para que o nosso passado não se perca na lembrança dos nossos irmãos que, paulatinamente, se transmutam em estrelas da constelação que iniciou com a estrela primeira, Santa Isabel da Hungria. Através de um depoimento, de um relato, de uma fotografia antiga da sua família, enfim, com um simples e humilde gesto você poderá estar intervindo nos rumos desta história que além de permanecer viva e presente na memória de cada um de nós, começa a ser contada oficialmente através destas páginas.
  
Quem Chega...

Quem vem pela Bento Gonçalves de Porto Alegre ou do Centro de Viamão se depara com uma avenida estreita e depois de alarga em duas vias.
Ela segue em direção ao morro parecendo que o atravessa num túnel imaginário.
É a Avenida Liberdade.

Morro Santana. Moldura da Santa Isabel

Como um portal de boas vindas o Morro de Santana já está ali a emoldurar a Santa Isabel.

Podemos identificar a silhueta da "moldura da Santa Isabel num raio de 30 quilômetros.Para quem chega pela primeira vez, a impressão inicial é semelhante à de quem entra em um vale ao pé do morro.
Depois de percorrer a Medianeira e contronar a segunda curva nos deparamos com a "novíssima"
praça Santa Isabel, local de encontro das mais diversas gerações.
A seguir uma forte concentração de empresas comércios de venda e prestação de serviços que se estende de uma forma intensa desde a esquina da Rua Santa Isabel até a rua Diamantina.
Nesse percurso podemos notar que esta concentração de lojas e escritórios esta sempre em expansão e crescimento, com o surgimento de empresas num ritmo frenético, quase diário!

     Além da cópia literal dos trechos do meu texto, houve a cópia da perspectiva textual. Eu inicio falando: “Para quem chega (...)”. E Ele coloca como título: “Quem chega”. Ou seja, a minha proposta de tecer um texto sobre a Santa Isabel na perspectiva de um caminhante que está chegando também foi alvo do plagiador. Se o objetivo do site fosse de cunho educativo (ou informativo), haveria um atenuante. Mas, em se tratando de um site com fins comerciais, vejo ai um agravante. A criação é uma mágica. A cópia denota pobreza existencial. Continuarei criando.

* Ultima atualização em Maio de 2012.







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CONSIDERAÇÕES ATUAIS* SOBRE O TEXTO APRESENTADO:
Livro: “Os Primórdios da História da Santa Isabel”

 

As atividades de estudo e pesquisa continuam de forma intensa e continua. Adquirimos um novo equipamento de registro fotográfico com recursos próprios. Instalamos nova base de processamento eletrônico de textos, imagens e fonografias.

Sobre a questão do Plágio (citada anteriormente).

Temos novidades sobre o caso:

Em primeiro lugar, visitando o link abaixo:


Você vai encontrar o registro oficial de algumas obras que produzi, inclusive o livro em tela (Os Primórdios da História da Santa Isabel). Ou seja, através de uma pesquisa rápida pelo nome do autor é fácil identificar a autoria do trabalho e a sua autenticidade. Existem outras obras do tipo “instalações” e de base artística não formal (manifesto, pinturas, desenhos, etc) que não foram registradas por limitações do próprio sistema das entidades públicas e privadas responsáveis pelos serviços de registro e salvaguarda dos direitos autorais no país.  

Em segundo lugar, após a publicação da minha “queixa” (quanto ao plágio), o desenvolvedor do site alterou o seu conteúdo removendo a parte do texto que fora copiado do meu livro. Eu fico feliz, pois vejo uma expansão das consciências dos nossos iguais no que tange as relações sociais vividas nesta cidade. No entanto, as responsabilidades pregressas permanecem. Sempre destaco que o meu trabalho artístico e intelectual não possui pretensões pecuniárias. Todo o sistema que criamos gera custos que são cobertos com recursos próprios, através do sistema formal de emprego público ao qual estamos inseridos.

Para concluir, fomos procurados por estudantes universitários oriundos de outras cidades interessados em conhecer a Santa Isabel. Diante desta necessidade, estamos elaborando um roteiro para visitação dos principais pontos da cidade. Bem como, preparando um material específico que subsidia esta visita orientada. Em breve divulgaremos novidades sobre este assunto.

 

 

* Ultima atualização em Abril de 2013.