domingo, 26 de maio de 2013

Êxtase



 
 
 
Êxtase

 

A matéria principal da capa do DV da última sexta trazia a informação: “Grupo de alunos do ensino médio da Escola Açorianos produz curta-metragem – Extase – com temas que aborda o mundo das drogas e o homosexualismo”. Eu fui conferir.

A distancia que nos separa do centro da velha-capital dos gaúchos é uma das razões para não frequentarmos aqueles sítios. Contabilizei mais de uma dezena de quilômetros no percurso realizado de automóvel até ao meu destino. A noite estava agradável e fui até o centro de cultura. Outro detalhe importante: o Centro de Cultura não fica exatamente no centro da cidade. O Ginásio Municipal de Esportes Carlos Pinto Mennet (adaptado pela administração do Prefeito Ridi para abrigar a Secretaria de Cultura) está localizado no final da Rua Açores, lá para os lados da Lomba Tarumã. Cheguei no centro de cultura e não senti cheiro de cultura. O ruído estridente de um apito utilizado pelo árbitro da partida de futebol que acontecia ali agredia muito os meus ouvidos. Subimos até a sala de cinema e, enfim, cultura.

A Sala de Cinema (única do gênero na cidade) ficou bem aconchegante. Tecnicamente adequada para os seus fins. Mérito dos seus idealizadores. Encontrei ali uma moçada muito bacana. Revi amigos e pude acompanhar um sessão completa do curta-metragem exibido com acesso gratuito. Foi bem legal, pois quase toda a equipe do curta estava lá: Gabriel Rocha, Ayla Dresh, Camila Rocha, Iasmim Fraga, Miriane Torres, Vitor Tolfo e Jenifer Torres. Estão todos de parabéns pela iniciativa. A cidade necessita da ampliação deste tipo de trabalho. A arte e a cultura devem estar entre as prioridades efetivas de qualquer governo. Reproduzo abaixo um texto que fala da polemica desfiguração feita pelo prefeito Alex Boscaini da antiga casa de cultura que funcionava no Calçadão Tapir Rocha (Centro da Cidade). Detalhe, o ex-prefeito tem formação acadêmica na área da história, mas faltou-lhe sensibilidade para a preservação arquitetônica de um prédio tão importante para Viamão.

 

“Fernanda Blaya Figueiró (Escritora) – Aqui em Viamão estamos revisando algumas leis e fico pensando em quanta coisa a cidade já perdeu. Há alguns anos escrevi um texto em homenagem ao poeta e músico popular Antônio Penai, ele tinha o hábito de ao meio dia tocar flauta do alto da janela da antiga e extinta “Casa de Cultura” que funcionava no Calçadão Tapir Rocha e abrigava a Secretaria de Cultura. Lá por 2007 a Casa de Cultura foi desativada, o prédio precisava de reforma, principalmente no telhado. Na época procuramos a administração para tentar preservar a fachada e os ladrilhos, mas todo mundo dizia que nada podia ser feito por que não havia uma lei de tombamento na cidade. Hoje sabemos que havia, sim, esquecida, não só uma lei específica e diretrizes na própria lei orgânica do município. A janela que o seu Penai usava já não existe, a madeira foi substituída por vidro temperado e, acredito, que alumínio; a fachada foi pintada com o desenho das escolas, como se a Educação marcasse seu território e mostrasse o quanto é mais poderosa do que a Cultura. Falamos sobre isso no livro do Inventário Participativo e não adiantou, o prédio foi modificado, e não restaurado, pelo poder público… Agora há uma lei chamada “Janela da Cultura” que dispõe sobre a valorização do artista local. Meio esquecida mesmo sendo bem mais recente. Hoje passei pelo centro e vi um local que conseguiu ser “tombado” como Patrimônio Histórico, a Rua ou Travessa dos Carreteiros, ao lado da Igreja Nossa Senhora da Conceição. Não há nada que sinalize que ali foi, um dia, um lugar importante, nada que informe que aquela quadra toda é tombada e que é importante para a preservação da memória. Uma das fachadas está quase caindo e nos fundos cresce um assustador e provavelmente enorme edifício, provavelmente uma garagem com entrada pela rua de trás. Quem fiscaliza isso? Quem pode ir até lá e verificar se a construção é regular, licenciada, se os proprietários sabem que tem nas mãos uma parte da história da Cidade? Bem fica a pergunta: será a lei ignorada neste caso também? O tempo passa e parece que as coisas se repetem e isso vai cansando a gente, vai tirando a energia. Quem será que lutou para que a rua dos carreteiros fosse tombada? Essas pessoas precisam ser ouvidas e alguém tem que dar seguimento pois tevem ter se cansado”.

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