quarta-feira, 10 de abril de 2013

A Felicidade


 
 
 
A Felicidade

A palavra felicidade que usamos deriva do latim (felicitate) e é empregada na língua portuguesa para designar, entre outras coisas, a qualidade ou estado de quem está feliz, sinônimo de ventura, contentamento, bom êxito ou sucesso. A expressão felicidade também é relacionada à sorte, nas construções do tipo: Foi uma felicidade eu ter chegado a tempo, com o tráfego todo atrapalhado.
O arcabouço do imaginário humano construído na cultura ocidental capitalista moderna projeta a noção de felicidade às condições gerais do “Ter”. Impulsionado pela roda de sustentação da economia capitalista, o indivíduo é estimulado constantemente a consumir bens duráveis e não duráveis dispostos no mercado como símbolos de satisfação pessoal. Neste sentido, ser feliz é ser um indivíduo capaz de reunir as condições necessárias para adquirir bens de consumo que estão sempre associados à sentimentos de felicidade.
Mas o que é de fato esta tal de felicidade? Almejada por todos, incompreendida por muitos, alcançada por poucos?
É possível ser feliz em meio a uma guerra? É possível ser feliz longe dos bens de consumo oferecidos pela economia capitalista?
Formulei esta pergunta e elaborei a sua resposta ontem a noite, quando assistia o último capítulo da mini série produzida pela Rede Globo de Televisão denominada “A Casa das Sete Mulheres”. Uma belíssima produção artística que marca a história da televisão brasileira. Em especial para os gaúchos, que neste momento estão mais orgulhosos de descender dos homens e mulheres que protagonizaram realmente a epopéia Farroupilha. A mini série mostrou que mesmo durante o percurso da guerra que durou mais de dez anos, a família de Bento Gonçalves encontrava “momentos” de felicidade, por ocasião das poucas reuniões de família que eram possíveis naqueles trágicos anos de dor e sofrimento provocados por uma das batalhas mais sangrentas da nossa historia brasileira. Na cerimônia de celebração de casamento de uma de suas filhas (Perpétua), Bento Gonçalves conseguiu, em meio a Guerra dos Farrapos, reunir toda a sua família na sua estância para comemorar. Apesar das agruras da Guerra, Bento acompanhado da esposa, demais parentes e amigos, brinda o enlace da filha, a comemoração é regada por um grande banquete onde todos participam e se divertem durante a cerimônia. Logo em seguida, todos voltariam a viver o terror da guerra, os homens voltando para os campos de batalha e as mulheres rezando e preparando o retorno destes bravos heróis farrapos, muitos dos quais tombados à própria morte sem nunca mais terem o prazer do convívio familiar.
A Felicidade não é (e não pode ser) apenas o ato de “Ter” (o bem adquiro na prateleira do hipercentro de compras, moldado no universo capitalista de consumo). A felicidade é um “ato mágico” que pode estar representado nas coisas mais “simples” das nossas vidas como uma reunião de família, por exemplo. A Felicidade não é um estágio contínuo e infinito de bonança, satisfações e realizações em nossas vidas. A Felicidade é muito mais o instante, o momento, o dia, o local que pode ou não perdurar, só depende da nossa própria capacidade de sermos Felizes.

 

 

Fonte

Viamão


TEXTOS DE
JACQUES JACOMINI


VIAMÃO


Viamão


FICHA CATALOGRÁFICA

JACOMINI, Jaques Xavier. Viamão: Ed. AAPC / CESAJO, 2001.

1. História do Brasil; 2. História do Rio Grande do Sul; 3. Historia de Viamão; 4. Antropologia Social

 


 

Nenhum comentário:

Postar um comentário