Corpus Geológico (S).
A geologia no dia das almas. Eu não abro mão
de ser Eu mesmo e você já
sabe disso. Ossos.
Reuni uma
grande quantidade de material reciclável e me dirigi ao Ponto de Entrega
Voluntária (PEV) que fica junto ao Instituto Ana Jobim. Chegando lá, nova
decepção: há um morador do entorno que não colabora com o projeto
(infelizmente). Já conversei, tentei sensibilizá-lo com argumentos diversos,
mas até agora nada. Ele coloca (conscientemente) material orgânico no container
amarelo que é destinado ao material que vai para o processo de reciclagem. Além
disso, mantém a tampa do recipiente aberta (por pura comodidade), fato que
prejudica a preservação da integridade do material, especialmente do papel e
papelão. Detalhe: este cidadão participa de uma organização não governamental
de cunho humanitário, além de integrar os quadros do serviço público estadual
na condição de inativo. Pergunto: o que falta para a tomada de consciência de
pessoas com o perfil citado? O que podemos fazer para sensibilizá-los? O meu
principal argumento? Este material é importante para várias famílias que vivem
da reciclagem. A preservação da integridade do lixo seco é um pré-requisito
para o sustento de pessoas humildes e trabalhadoras que dedicam a sua vida a
uma causa justa e nobre: a ecologia.
Dito
isto, vou da ecologia para a geologia. Saindo do PEV, a fim de tomar lugar no
fluxo da RS 040, na margem da via, avistei uma cena rara: uma coleção de
indivíduos minerais típicos desta região da Cidade (4º. Distrito de Viamão –
Passo do Sabão). Explicando melhor: há no local uma obra de instalação de novos
postes de sustentação da rede elétrica. Nesta semana, os operários realizaram
escavações no passeio público (Rodovia Tapir Rocha), deixando amostra
indivíduos minerais típicos deste sitio geológico já mencionado. Não me
contive. Parei e apanhei uma amostra que estão diante de mim neste momento. São
três formações rochosas (sedimentar) com massa próxima a um quilograma e
dimensões próximas a dez por cinco centímetros. A textura lembra um mármore não
polido e as cores ficam entre tons mais avermelhados (provavelmente na relação
com material argiloso) e outro em tom mais claro semelhante à areia marinha. É
um achado singular. Claro que eu não tenho condição técnica para fazer uma avaliação
mais aprofundada do material coletado que agora passa a fazer parte da minha
coleção de indivíduos minerais raros. Mas o objetivo principal foi alcançado:
comparação com outras amostras coletadas aqui no entorno do Morro Santana, com
vistas a verificação da situação geológica típica do Morro Santa, compara com o
entorno mais afastado (em um raio de dez quilômetros do cume do outeiro de
Ornelas). Conclusão: são sítios geológicos distintos. Portanto, reafirmo minha
tese: o Morro Santana é um sítio impar nos aspectos físicos e não físicos.
A relação
mais ampla e aprofundada com o meio é uma meta do “buscador”. Atento e dedicado
a entender o que ocorre no seu entorno, especial conduta, buscador o é. Eu fico
profundamente admirado com as atuais observações antropológicas que tenho
realizado entre os meus pares. Vejo diversas pessoas, literalmente, queimando
os dedos no teclado dos eletrônicos da moda em atos comunicativos estéreis e
vulgares. Estes, sem observar o que ocorre no seu entorno mais imediato (e não
informatizado), não conseguem estabelecer uma relação apropriada com o seu meio.
É certo que está todo mundo conectado. Está todo mundo conectado e entediado.
Está todo mundo conectado, entediado, confuso e triste. Não se sabe, ou não se
quer saber mais sobre questões do tipo: que chão é este que eu piso. Qual é a
água que eu bebo. Qual é o ar que eu respiro. Monedas. Todos atentos e fixos
nas monedas e o que podem compar. Vil metais. Coleção de monedas em casa. Coleção
de monedas no banco. Arrogância, violência, brutalidade e insensatez. América,
dois mil e treze da era cristã. Finados. Afinado com os deuses que me colocam
vivo no dia dos mortos, agradeço a vossa atenção. Um bom final de semana para
todos os amigos que acompanham o meu trabalho.
Namaste.
Nenhum comentário:
Postar um comentário