Mulato Cor-de-Rosa
Mulato
“Nunca vou ser o que os outros querem”
Gonzaguinha.
A minha comunidade está reunida na quadra, cantando a sua
cultura. A Lua é Nova. Encantado. São os ares setembrinos soprando no Belo
Monte.
Eu gostaria de iniciar com uma dedicatória. Tenho uma amiga que
é filha única e sempre que escuto “Trem das Onze”, lembro dela. Com carinho, eu
inicio este com a dedicatória para ela que é uma apreciadora da minha obra
literária e acompanha a construção deste espaço. Adoniram Barbosa é uma daquelas
grandes personalidades da música popular brasileira e pessoas assim nunca
morrem, pois se perpetuam na sua obra. E por falar em grandes personalidades do
campo das artes, tenho ao meu lado, nada mais nada menos do que, Gilberto
Freyre (Ensaista, sociólogo, antropólogo, literato, enfim um grande brasileiro).
Eu já falei aqui sobre a minha caminhada em chão antropológico,
portanto não vou retomar isto para não cançá-los. Também já devo ter dito que
se você tem interesse em estudar antropologia física não deve ir para o
Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS), pois lá isso não existe (não é ensinado e não consta das
grades curriculares academicas). Disse
também que esta foi a grande lacuna que ficou na minha formação como cientista
social, mas o bom aluno vai além e busca aquilo que não é oferecido (age com
intuição de quem garimpa saber). Foi o que ocorreu comigo. Eu busquei e
encontrei um tipo humano, denominado de “Mulato Cor de Rosa”.
Eu sempre soube que não era branco. Me descobri um
afro-descendente recentemente. Contudo, ainda faltava algumas variáveis para
fechar esta “fórmula étnica” (nascida na sensação de um pertencimento étnico,
conforme foi trabalhado por POUTIGNAT, Philippe e STREIFF FERNART,
Jocelyne na obra Teorias da Etnicidade). Pois não é que consegui tal intento.
Isso mesmo, eu consegui pelas mãos, ou melhor, pelas letras de Gilberto Freyre.
Lendo o capítulo onze do livro “Sobrados e Mucambos” que versa sobre a ascenção
do Mulato e do Bacharel, encontrei o elo que faltava para sacramentar a minha
ligação definitiva com o meu povo. Está tudo ali, vale a pena ler (leitura
indicada para brancos e não brancos). O autor detalha não só os aspectos humanos
e antropológicos da tipologia física,
bem como as características sociológicas e psicológicas desta etnia. A mulata,
o típico produto nacional, já foi muito comentada e referida na literatura, mas
o mulato possue certamente menos referencias. Mas está tudo lá na obra de
Gilberto Freyre, autor tão pouco explorado pelos antropólogos contemporaneos,
devido a diversos ransos ideológicos que estreitam o espectro de trabalho em ciencias
sociais.
Eu que já sou da Vila faz tempo, sinto a alma lavada no estudo e
análise do nosso povo e da nossa gente, onde estou inserido e vivo plenamente
este setembro de início de século. Adjetivações recebo diversas pelas vias
literárias e não literárias. Na sua grande maioria, de cunho pouco cordial e
até caluniosas e difamatórias. Mas estou super tranquilo, pois Freyre elucida
até aquilo que vem dos terrenos mais pantanosos da existencia humana: a psique
e os traços comportamentais típicos do mulato cor-de-rosa. Leia, por favor.
Leiam antes de tecer a crítica ácida e desleal que me remetem.
Eu não vou ser o que os outros querem, disse Gonzaguinha, em
determinado momento da sua vida (linda e iluminada vida). Eu quero concluir
este breve texto, com mais uma frase de grande impacto no nosso ideário
elucubrativo recente: A Vida dedicada a ganhar dinheiro é vivida sob compulsão,
e obviamente ela não é o bem que estamos procurando. Aristóteles, o pai da
filosofia do direito, teria dito esta frase, registrada no livro Ética a
Nicômaco (pag 122 da ed. Série os pensadores – Ed. Nova Cultural). Eu quero
agradecer: muito obrigado! Agradeço a vossa atenção nesta leitura.
Namaste.
E é livre mesmo.
ResponderExcluirLembram?
Este espaço não recebe ajuda de nenhuma empresa ou empresário. O blog não está associado a nenhuma entidade politico-partidária. Não reproduzo ideário de mandatário político individual. Ou seja, é JacquesJa por JacquesJa.
APOIO
ResponderExcluirNão é que isso não possa vir a acontecer. Pode. Porém, é pouco provavel.
METAS
ResponderExcluirPossuo metas muito claras. O nosso ideário não é mercadoria na prateleira do mercado.
FILOSOFIA
ResponderExcluirNão é a economia que nos move. Se não a boa filosofia.
Sucesso de Público
ResponderExcluirGente,
eu sabia que essa publicação repercutiria bastante. Contudo, superou todas as minhas expectativas.
Obrigado pela presença de todos.
Namaste
BOA NOVA
ResponderExcluirA boa notícia é que estou trabalhando no tema e, em breve, trago novidades sobre.
A fala de Freyre me levou até Pierre Verger. O estudo continua. Em breve, novidades.
ResponderExcluirVisitando!
ResponderExcluirVisitando!
ResponderExcluir