por Sachcha Mission - O Caminho do Coração, quarta, 30 de Novembro de 2011 às 22:41
No dia 2 de novembro de 2011 a revista Mountain Weekly realizou uma entrevista exclusiva com Sri Prem Baba durante a sua estadia em Boulder.
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Por Pat Kohlwey
Boulder, Colorado – No final de semana passado fui presenteado com uma oportunidade incrível de entrevistar um ser iluminado conhecido pelo nome de Sri Prem Baba. Ele havia recém chegado da Índia, e estava em Boulder com seus devotos e amigos William Ury e Lizanne.
Prem Baba, que em sânscrito significa Pai do Amor, concordou em se encontrar comigo e dividir sua mensagem com os nossos leitores. Prem Baba sendo brasileiro só fala Português, contamos com a ajuda de Christian, (o filho de William Ury) que fez a tradução.
Patrick Kohlwey da Mountain Weekly: Como você se envolveu com a comunidade de Boulder?
Prem Baba: Tudo começou há 9 anos atrás através da Lizanne Ury.
Apesar de ser Brasileira ela já morava em Boulder havia 5 anos antes da minha chegada. Lizanne e William Ury me trouxeram para Boulder pela primeira vez. Eles sentiram que minha mensagem poderia ajudar as pessoas aqui em Boulder.
MW: O que você acha da comunidade de Boulder?
Prem Baba: As pessoas aqui estão muito interessadas em se conhecer, há uma grande motivação para o autoconhecimento e a autodescoberta.
MW: Existem obviamente muitos passos para a iluminação. Você acha que a peregrinação para a Índia e um requisito para a iluminação?
Prem Baba: Não, não necessariamente. A peregrinação é uma prática espiritual poderosa. Mas o lugar em si não é tão importante. A coisa mais importante é a motivação que te leva ate lá.
MW: Então, por exemplo, um morador de Boulder poderia realmente fazer uma viagem para as montanhas com a intenção de iluminação espiritual, e alcançar um estado iluminado?
Prem Baba: Por que não? A iluminação é um fenômeno que está aqui e agora. Poderia acontecer em qualquer lugar e a qualquer momento.
MW: O que dizer, por exemplo, se um prisioneiro ler o seu livro, se sentir confortado pelas suas palavras, e decidir dedicar-se aos seus ensinamentos. Esta pessoa poderia atingir a iluminação naquela cela de prisão?
Prem Baba: Isso também e possível. Pode até ser um criminoso: se em algum momento ele se abre, então ele pode despertar.
MW: E essencial que a pessoa seja inteiramente devota à Sachcha, ou e possível que ela adapte os seus ensinamentos de amor a sua própria religião e alcance a iluminação?
Prem Baba: A Iluminação é um fenômeno que está além da mente. A religião é um fenômeno da mente. Sendo assim, a religião em si não é importante. A iluminação é para todos, de todas as religiões. Sachcha não é, em si, uma religião. É o nome de um princípio universal, que fala sobre a verdade de quem realmente somos. Fala da verdade do que está por trás de tudo o que nós pensamos que somos e tudo o que imaginamos que a verdade seja. Então Sachcha é uma palavra que significa a verdade irrefutável. É o que resta depois de remover todos os pensamentos, as crenças, as ideias sobre o que a vida é e o que somos.
MW: Então, basicamente [Sachcha] é uma religião sem dogmas?
Prem Baba: Eu não diria nem mesmo que é uma religião. É apenas um caminho. O caminho que te leva para a lembrança de quem você é. Porque não há nenhum dogma ou seita, você não tem que acreditar em alguma coisa em particular, pelo contrário, a ideia é justamente abandonar todas as crenças e ideias.
MW: O que indicou que você se tornou iluminado?
Prem Baba: Eu já nasci buscando por respostas, procurando entender a vida. Durante esta minha jornada, percebi que muitas vezes eu não sentia prazer.
Às vezes eu sentia prazer, mas, em seguida, este prazer me levava à dor. De repente, percebi que tudo o que fiz na vida foi ou para buscar o prazer, ou para fugir da dor. E desta maneira eu só sentia prazer quando os meus desejos eram satisfeitos e realizados, quando eu conseguia o que eu queria. Em compensação eu sofria quando eu não conseguia realizar os meus desejos, ou então quando eu recebia um "não" da vida. Então eu tive alguns momentos de contentamento, mas era sempre dependente de algo que estava acontecendo do lado de fora. Em algum momento, esse contentamento sempre me levava de volta ao sofrimento. E assim eu procurava uma resposta para esta equação. Essa foi toda a essência da&nbs p;minha busca: Eu comecei a procurar em muitas religiões diferentes, e em diversas escolas de mistério.
Eu procurei por respostas na psicologia, onde encontrei muitas respostas, mas foram todas respostas intelectuais. Eu adquiri muitas respostas intelectuais, mas todo esse conhecimento não foi suficiente para me libertar da busca pelo prazer, e da fuga da dor. Eu ainda estava dependente das coisas que estavam do lado de fora para eu sentir qualquer alegria. Tudo dependia de certo reconhecimento de alguém, alguma aprovação de alguém. Dependia de algum carinho ou de uma declaração de amor. Mas quando eu não recebia estas coisas ou não era validado nas coisas em que eu acreditava que eu deveria ser valorizado, então eu sofria novamente.
Foi entao que Foi então que eu finalmente conheci o meu mestre, meu guru, Sri Sachcha Baba Maharajji. E pela primeira vez na minha vida, tive um vislumbre do que eu estava procurando. De repente eu me vi na frente de alguém que era puro amor. Independente do que poderia acontecer, ele iria continuar amando todos da mesma maneira. Então eu disse, “Uau, esse tipo de coisa realmente existe.” Diante da presença dele, eu podia sentir o mesmo amor dentro de mim. Naquele momento eu senti o contentamento puro, onde eu não precisava de mais nada. A única coisa que eu precisava era estar na presença dele. Aquela presença era como um sol me iluminando. Por u m momento, percebi que o sol foi iluminando o sol que estava dentro de mim. A única coisa que ele estava fazendo era remover as nuvens que cobriam o meu próprio ser. E então eu comecei a experienciar este estado onde eu não precisava de nada, e eu me sentia inteiro e preenchido. Onde eu sentia uma alegria sem causa. Onde o amor apenas florescia para todos e para tudo. Onde a ideia de um eu separado desapareceria completamente. Até que em um determinado dia, eu consegui me sustentar neste estado: eu tinha aprendido o caminho de volta para este lugar.
E assim, a iluminação é o reconhecimento de quem somos por trás do nome, por trás da forma, e da sua história pessoal. Iluminação acontece quando você se reconhece como a vida e como o próprio amor, um amor que é impessoal e desinteressado. Quando este reconhecimento acontece, então todas as questões simplesmente desaparecem.
MW: Vamos falar sobre o seu livro “From Suffering to Joy: The Path of the Heart”. Alguns capítulos me intrigaram, como por exemplo, a parte 3, Transformando Relacionamentos. Você fala sobre sexo e casamento. Em muitas culturas, o celibato é parte fundamental do caminho da iluminação. Você poderia explicar como os relacionamentos e os sexos estão sim relacionados com a iluminação?
Prem Baba: Eu sinto que o que é melhor para o ser humano é seguir seu coração. Como eu disse, minha religião é o amor. O caminho que eu estou ensinando é o caminho do coração. Portanto, não tem uma fórmula única que pode ser aplicada para todos. Cada um encontra o seu próprio caminho, sua própria maneira de experimentar a unidade. Mas observando a humanidade de uma forma geral, eu vejo uma grande necessidade das pessoas se relacionarem umas com as outras, até mesmo porque os relacionamentos são uma forma importante para o autoconhecimento. E assim como você se permite conhecer o seu interior através dos relacionamentos, você vai eliminando todas as camadas que cobrem o coração. E então será possível a união entre amor e sexo.
E quando essa união de amor e sexo acontece, naturalmente surge o espaço para que haja meditação dentro do relacionamento, espaço para o silêncio, espaço para a paz dentro da relação. Então é possível que em alguns casos, a evolução da energia sexual aconteça. E em algum momento essa evolução da energia sexual dá lugar ao celibato. Esse tipo de celibato é um florescimento, é um fenômeno que surge naturalmente. Sua força vital ou energia vai se tornando sutil até chegar ao ponto em que você simplesmente não tem mais motivação para estar em um relacionamento com outra pessoa.
De forma alguma eu estou julgando as escolas que dizem que o celibato seja necessário para a evolução, ou seja, uma condição para a iluminação. Mas o que eu estou dizendo é que, na minha visão, o celibato não pode ser forçado. Repressão pode gerar muitas dificuldades para a iluminação. Tudo o que é proibido, é desejado. Então eu sinto que a forma mais adequada é o caminho que a natureza nos ensina. Por exemplo: você não força uma flor a crescer, a flor só cresce quando ela está pronta. O fruto só pode ser colhido quando está maduro. O mesmo vale para os relacionamentos e sexualidade.
MW: Na parte 6 do seu livro, Mestres Espirituais, você afirma que Jesus Cristo é o poder do perdão. Você poderia falar mais sobre esse ensinamento?
Prem Baba: Existem tantos dogmas e crenças diferentes sobre o que foi transmitido por Jesus. Mas independentemente de tudo que as religiões cristãs pregam sobre Jesus, e até mesmo independentemente do fato de Jesus ter realmente existido ou não, eu diria que, caso ele existiu todos os seus ensinamentos poderiam ser resumidos em uma única frase: "Pai perdoa-lhes, pois eles não sabem o que fazem.” Isto me toca profundamente.
Podemos até nos colocar no lugar dele naquele momento, quando ele estava sendo gravemente ferido e agredido, e foi capaz de perdoar aqueles que estavam lhe infligindo tanta dor. Ele perdoou porque ele era capaz de reconhecer que todas as agressões eram frutos de pura ignorância. Eu sinto que este é um ensinamento extremamente precioso para nós, porque ele está ensinando sobre a compaixão. E tal compaixão, eu sinto, é o remédio para este mundo.
Se você olhar mais profundamente para o sofrimento que existe neste mundo, você vai notar que as pessoas estão carregando dentro de si mesmas, pactos de vingança. De alguma forma ou de outra em algum momento elas acreditam que foram machucadas, abandonadas, rejeitadas ou humilhadas. E por isso, acreditam que têm razões e motivos para se vingarem do mundo. E assim continuam a recriar situações negativas para si mesmas e forçando o outro a fazer as coisas do jeito delas, com a esperança mágica de que em algum dia as coisas vão acontecer de forma diferente.
Basta dar uma olhada, por exemplo, nas relações afetivas como nós estávamos falando. O que é que impede a nossa energia vital de ascender? É justamente isso porque continuamos a tentar forçar o outro na relação a nos dar o que o outro simplesmente não tem para dar. O que nós queremos são escravos para satisfazer nossos desejos: "Quero que as coisas sejam feitas do meu jeito, no momento exato que eu quero e do jeito que eu quero." Este desejo de escravizar os outros nasce de um ponto de ódio, um pacto de vingança, já que em algum momento nos sentimos magoados ou ofendidos de alguma forma.
É por isso que eu digo que o perdão é o instrumento que permite que a compaixão surja. Eu sinto que este é exatamente o ensinamento que Jesus tentou nos ensinar, mas que até hoje, vejo poucos cristãos realmente colocando em prática. Então é por isso que eu estou dizendo que a ideia não é seguir Jesus, ou seguir o que ele havia ensinado: ao invés de seguir, você se torna o ensinamento. Você se torna o perdão. Você se torna a compaixão. Isso é o que eu chamo de Sachcha. Que é a Verdade.
Você pode ficar pensando ou falando sobre compaixão tanto quanto você quiser, mas enquanto você continuar machucando o outro, você não está sendo verdadeiro. Vejo muitos líderes por aí fazendo palestras incríveis sobre o perdão e amor, mas assim que voltam para casa lá estão eles novamente, machucando suas esposas e filhos. Portanto, neste capítulo, eu falo sobre o que eu sinto que é a essência dos ensinamentos do mestre. E o ensinamento de Jesus é o mesmo que de todos os grandes mestres que caminharam sobre a Terra.
MW: Falando nisso, qual mestre, na sua opinião, nos influenciou mais positivamente?
Prem Baba: Eu sinto que todos eles influenciaram o mundo para melhor. Todos estes mestres espirituais foram canais de amor e sabedoria. Mas, mesmo assim, nem sempre os seus seguidores souberam fazer o melhor uso desses ensinamentos. É realmente muito fácil fazer uso inadequado de um ensinamento autêntico, usando-o a serviço do ego e do egoísmo. É fácil para o ego se apropriar de uma verdade espiritual ou de um ensinamento. Eu não posso garantir, por exemplo, que em algum momento alguém não vai sair por aí com o meu livro e dizer: “olha só isso que o Prem Baba disse,” e t entar usar esse ensinamento para dominar e ferir o outro: é possível.
MW: Qual e o seu próximo passo? Você tem algum plano?
Prem Baba: Após o satsang amanhã, eu vou ao Brasil para dar mais dois satsangs, e depois eu digo tchau por hora para o Ocidente, e darei início à temporada anual na Índia, que se inicia em dezembro e vai até meados de abril. Maharajji tem um ashram na cidade de Rishikesh, e é lá onde recebo buscadores de todo o mundo que vêm à procura de conforto para a alma. Nós temos uma rotina diária de satsangs, meditação e cantos devocionais. Nós também poderíamos resumir tudo o que fazemos como um movimento em direção ao silêncio, um passo decisivo para o amor consciente.
MW: Qual será o tema principal para o satsang de Boulder?
Prem Baba: Essa é uma boa pergunta, já que eu nunca sei o que vou falar. Eu nunca programo ou planejo o que eu vou dizer. Eu sento e as coisas acontecem. Mas são sempre respostas para as perguntas que afligem as pessoas presentes, para proporcionar-lhes certa direção.
MW: Então você canaliza a energia que você sente na sala?
Prem Baba: Exato. Eu sinto a energia do lugar, e depois, naturalmente, eu transmito as respostas que transformam e elevam a energia. Em alguns lugares, as pessoas escrevem as perguntas para eu ler para que eu possa respondê-las diretamente, mas eu não sei como será amanhã.
MW: Como psicólogo, como você descreveria essa energia?
Prem Baba: Primeiro eu preciso esclarecer que eu já fui um psicólogo. Este psicólogo era uma parte da minha história, uma parte de mim, de quem eu sou. Mas, a fim de manifestar plenamente Sri Prem Baba, eu tive que abandonar o psicólogo e a minha identificação com ele. Talvez você pudesse reformular sua pergunta sobre o que você quer dizer sobre a energia?
MW: Então, quando você responde a essas perguntas, de onde vem esta sabedoria?
Prem Baba: Esta fonte vem de um lugar que está dentro de cada um de nós. Eu chamo de coração, o coração puro. E este coração Carl Jung chamou de "Self", outros o chamam de "o centro da consciência." Eu prefiro chamar de coração. Quando o coração é puro, porque já foi purificado de toda a dor e as feridas ou ressentimentos do passado, então se torna este espelho do todo, um portal da sabedoria universal. Todas as respostas vêm naturalmente.
MW: Há alguma mensagem que você gostaria de enfatizar ou esclarecer?
Prem Baba: Eu sinto que você entendeu a essência do que eu estou tentando transmitir. Mas eu poderia destacar ainda mais um ponto: Existe de fato uma alegria sem causa. Existe de fato esse amor puro e impessoal que não depende de nada que vem de fora – é o amor altruísta. Este contentamento existe. Tudo isso está dentro do coração de cada um. E se você realmente quer encontrá-lo, você tem que voltar para dentro, você tem que olhar para dentro de si mesmo.
MW: Quando você olha para dentro, é necessário ter um guru para guiá-lo?
Prem Baba: Como eu disse, não existe uma fórmula única. No meu caso, se fez necessário ter um guru. O guru que se manifesta em um corpo fora de você age como um espelho. Os olhos do guru refletem o que está dentro de você, eles refletem o amor que já existe em algum lugar dentro.
MW: Então, qual é sua definição de guru?
Prem Baba: Para mim, o guru é a personificação do amor altruísta e impessoal que dissolve as nuvens da ignorância, as nuvens que nos fazem acreditar que somos qualquer outra coisa senão o amor.
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Artigo O artigo a seguir foi publicado na revista Mountain Weekly no dia 8 de Novembro de 2011.
Por Pat Kohlway
Boulder, CO. No último domingo, dia 30 de Outubro, em Boulder, Colorado, Sri Prem Baba ofereceu um satsang para seu sangha, esta foi sua nona visita anual. Desde minha entrevista com Prem Baba eu tive dificuldade em manter a minha experiência desse evento totalmente objetiva, da forma como um bom jornalista sempre deveria. Mas nesses últimos dias eu aprendi tanto sobre mim mesmo através dele que é difícil não fazer essa revisão ficar um tanto emotiva e pessoal. Antes da minha entrevista com o Prem Baba, eu tinha quase nenhum conhecimento a respeito dele e do seu Sangha (uma palavra em Sânscrito que pode ser traduzido como “assembleia” ou “comunidade&rdq uo; com um objetivo, visão ou propósito em comum) que mora aqui em Boulder. O Satsang aconteceu na Unity Church, que é uma seita Unitária do Cristianismo. O Sangha do Prem Baba ou a linhagem Sachcha não são formalmente conectados a Unity Church, porém a natureza liberal da seita permitiu um ambiente positivo para que o satsang acontecesse.
William Ury, um aluno antigo e querido amigo de Prem Baba iniciou o satsang (Uma palavra em Sânscrito que pode ser traduzida para “na companhia da verdade” ou “na companhia de um guru”) nos informando que a noite iria fluir como uma peça dividida em três atos. O primeiro ato seria a música e os cantos introdutórios liderado pelo talentoso músico e convidado Robert Gass e a banda do Sangha. O segundo ato permitiria que Prem Baba assumisse o comando e começasse a compartilhar suas palavras de sabedoria. E o ato final seria o pranam, sendo ele uma prática que faz com que os estudantes absorvam simbolicamente a energia e possam processar a experiência do mestre e sua sabedoria. Normalmente o mestre oferece algum alimento ao estudante nesse momento, acompanhado com um profundo e respeitoso olhar nos olhos do guru. William nos disse que se alguém tivesse qualquer questão em específico para perguntar ao Prem Baba, teriam pedaços de papéis aos arredores e que eles seriam traduzidos e apresentados para ele depois. E assim William passou a condução para Robert.
O primeiro ato ocorreu lindamente pelos sete integrantes da banda que tinham seus instrumentos espalhados pelo palco. Eles animaram a platéia com uma música tradicional Védica, as palavras eram em Sânscrito e tinha uma melodia encorajadora. Depois Robert falou algumas palavras, bem conectado com o coração, enquanto dedilhava as cordas do seu violão. Ele seguiu com a respectiva tradução em sânscrito, enquanto o resto do Sangha seguia progressivamente. A voz de Robert era única e encantadora, enquanto suas palavras eram alegres e sinceras. Depois, Robert indicou qual eram o canto e os mantras que deveríamos seguir. Ele nos disse que enquanto Shiva é o deus da transformação, esse canto iria reconhecer o estado do momento presente do mundo com respeito, e a prati cidade disso seria significativa.
Robert disse ao Sangha, “Então, começaremos devagar, e seguimos elevando a energia até alcançar um momento de êxtase e depois traremos a plateia para baixo lentamente”. E com isso a plateia riu. O mantra a ser cantado era Om Namah Shiva, seguido por Shiva Om Namah. A banda começou melodicamente, com o apoio da voz poderosa de Thomas Modern e uma progressão de acordes básicos. Sutilmente a plateia juntou-se no cantar do mantra, e o canto ganhou força, como uma maré alta. Depois de algum tempo o ambiente se aquietou e em seguida através de um ritmo simples, ondas de energia rapidamente invadiram o ambiente. As famílias estavam dançando e rindo com suas crianças. No seu ápice, podíamos quase sentir o prédio tremendo pelo efeito sônico, e finalmente um maremoto de benevolência invadiu o palco, e assim a música, o mantra e as pessoas foram levadas. Robert repetiu o mantra mais uma vez e respirou profundamente permitindo que a energia metabolizasse. Então Robert explicou que o próximo mantra a ser cantado era originalmente Cristão. Sendo o mantra clássico Aleluia, que significa louvar Deus, exibindo a linhagem Sachcha que se dedica em revelar a verdade independentemente da tradição. Tamanha diversidade de seleção musical não é algo comum entre os paroquianos, mas mantenha em mente que isso não é um grupo religioso. Isto é Sachcha, apenas um caminho que leva a verdade que todas as religiões ensinam. O solene mantra Aleluia foi o yin para o yang do mantra anterior. E assim o primeiro ato se fechou, e William subiu ao palco mais uma vez.
Antes do segundo ato, William nos familiarizou com a trajetória de Prem Baba. Nascido no Brasil e criado por sua avó devota, Prem Baba sempre esteve buscando pela verdade. Nunca se sentindo espiritualmente satisfeito ele foi à Índia quando tinha 33 anos, onde conheceu seu professor e mestre Sri Sachcha Baba Maharajjii. Ele resistiu durante três anos antes de finalmente entregar o seu ego ao guru, e isso foi quando ele recebeu o nome Prem Baba, Sânscrito para pai do amor. William então diminuiu a voz e nos disse que poucos dias antes o guru de Prem Baba havia feito a passagem para o outro lado. Ele estava no norte do Brasil quando recebeu a notícia e imediatamente viajou ate a Índia para participar das cerimônias que iam durar semanas... Porém ele pensou no satsang e no grupo aqui em Boulder, e em como n&o acute;s estávamos esperando ansiosamente a sua chegada. Então ele permaneceu dois dias nas cerimônias e veio para Boulder, chegando a tempo para uma entrevista, e claro para o satsang. Um sentimento de humildade se derramou sobre mim quando eu percebi quem o Prem Baba era. Não somente estávamos na presença de um ser iluminado... Mas o Prem Baba é também um líder espiritual da linhagem Sachcha. William pediu para todos levantarem enquanto a banda tocava uma suave serenata ao Prem Baba com dedicação.
Coberto em trajes brancos, ele surgiu do lado esquerdo do palco e vagarosamente caminhou até sua poltrona, e todos da audiência sentaram junto com ele. Christian, o filho mais velho de William Ury, estudante e tradutor pessoal do Prem Baba sentou em posição de lótus à sua esquerda e esperou.
O guru fez três respirações profundas e o ato dois estava em movimento. Ele explicou como faz em todos os satsangs, que o objetivo é aprender sobre os mistérios e os tesouros do coração. Ele relacionou a nossa existência neste planeta com uma escola de amor consciente.
“Independentemente se você está consciente disto ou não, você está matriculado nesta escola de amor consciente, e nesta escola você não pode colar”. O seu comportamento espirituoso foi recebido com boas risadas e realmente esquentou a plateia.
“Você não irá receber o diploma enquanto seu coração não estiver verdadeiramente aberto. Todos os desafios que encontramos nesse plano são aulas dentro dessa Escola de Amor”. Depois ele mudou de direção quando apresentaram para ele algumas perguntas vindas da audiência. Ele leu as perguntas e falou sobre seu passado, suas batalhas com a iluminação e sua experiência em lidar com a passagem do seu guru.
Ele disse “Estávamos esperando que isso fosse acontecer já por um tempo, mas mesmo assim, a morte é sempre uma surpresa”. Prem Baba seguiu falando sobre seu caminho, e sua relação com seu guru e como ele esperava para retornar à Índia para sua temporada anual que acontece de Dezembro até meados de Abril.
Ele leu mais algumas perguntas, mas o que ficou mais forte para mim foi a sua sabedoria relacionada às distorções das três virtudes, serenidade, amor e poder. Ele disse que a distorção da serenidade é indiferença. Quando você não sente nada, isso é uma forma de você se isolar da dor. A indiferença é somente um mecanismo de defesa, como também as outras duas distorções. A distorção do amor é a submissão. A distorção do poder é a agressividade. Essas distorções são ferramentas que usamos para controlarmos uns aos outros, para sermos aprovados ou amados. O que você vai fazer quando essas distorções pararem de funcionar? Essa sabedoria teve um significado bem pessoal para mim, e escutar ele falar sobre essas distorções com detalhes foi muito íntimo. É como se ele soubesse quais eram as minhas preocupações, e assim ele falou sobre elas diretamente. A forma amorosa com a qual ele se expressa provocou essa sensação em todos da audiência. Isso não foi uma palestra, foi uma conversa. E para que encerrássemos o satsang, Prem Baba ofereceu a audiência a possibilidade de fazerem mais perguntas sobre assuntos que talvez ele não tivesse comentado. Ele disse para perguntarem sobre qualquer coisa que estivesse incomodando pessoalmente.
Algumas pessoas falaram e perguntaram como aplicar essa sabedoria em coisas como relacionamentos, educação de filhos, e sobre a sensação de vácuo que existe no coração. A sua resposta sobre o vácuo no coração foi muito poderosa, enquanto ele honestamente descreveu a diferença entre a profunda tristeza com o estado de não sentir absolutamente nada. Prem Baba comparou esse vazio com um deserto, e que esse vazio pode se manifestar algumas vezes junto com desconfortos físicos. Ele sugeriu que essa angústia de vazio, às vezes caminha lado a lado com um profundo ceticismo. Essa completa falta de fé que faz com que se queira desistir. Mas existe também outro tipo de vazio, “um vazio iluminado”, no qual a graça emerge, e todas as respostas s&ati lde;o reveladas. E neste momento o indivíduo está somente a um passo de se unir com o Espírito Santo. Ele disse que é possível dar esse salto a partir do “vazio árido” para o “vazio iluminado”. Isso pode acontecer nesse mesmo momento, em um mês, em um ano, em dez anos ou mesmo somente na próxima vida se você ainda não estiver pronto. Prem Baba fechou o segundo ato dizendo, eu acho que isso é tudo, rindo.
Christian continuou dizendo que o ato final seria o pranam, e que Prem Baba iria oferecer um alimento a todos. A audiência lotou o palco, reverenciando e agradecendo ao guru pessoalmente e simbolicamente digerindo o satsang.
A partir de uma terceira perspectiva, posso dizer que essa foi, de longe, a forma mais honesta e poderosa de devoção que eu já testemunhei. A cultura de hoje em dia tem a tendência de associar iluminação com a cultura Budista e Hindu, por isso eu estava feliz de revelar a verdade dessa congregação da qual eu era completamente ignorante. Eu não sabia onde eu estava entrando quando aceitei cobrir esse satsang, e esta experiência vai permanecer comigo para sempre. A verdade é que todas as respostas dele para as nossas perguntas são coisas que não podemos aprender de um livro. Ele ensina que essa sabedoria infinita reside dentro de cada um de nós. Isso é um ditado antigo que todos aceitamos como verdade, mas existe uma razão para os clichês serem t&ati lde;o comuns. O individuo só precisa caminhar o caminho do coração, e a verdade irá se revelar.
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Sri Prem Baba no Twitter: twitter.com/PremBaba
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Por Pat Kohlwey
Boulder, Colorado – No final de semana passado fui presenteado com uma oportunidade incrível de entrevistar um ser iluminado conhecido pelo nome de Sri Prem Baba. Ele havia recém chegado da Índia, e estava em Boulder com seus devotos e amigos William Ury e Lizanne.
Prem Baba, que em sânscrito significa Pai do Amor, concordou em se encontrar comigo e dividir sua mensagem com os nossos leitores. Prem Baba sendo brasileiro só fala Português, contamos com a ajuda de Christian, (o filho de William Ury) que fez a tradução.
Patrick Kohlwey da Mountain Weekly: Como você se envolveu com a comunidade de Boulder?
Prem Baba: Tudo começou há 9 anos atrás através da Lizanne Ury.
Apesar de ser Brasileira ela já morava em Boulder havia 5 anos antes da minha chegada. Lizanne e William Ury me trouxeram para Boulder pela primeira vez. Eles sentiram que minha mensagem poderia ajudar as pessoas aqui em Boulder.
MW: O que você acha da comunidade de Boulder?
Prem Baba: As pessoas aqui estão muito interessadas em se conhecer, há uma grande motivação para o autoconhecimento e a autodescoberta.
MW: Existem obviamente muitos passos para a iluminação. Você acha que a peregrinação para a Índia e um requisito para a iluminação?
Prem Baba: Não, não necessariamente. A peregrinação é uma prática espiritual poderosa. Mas o lugar em si não é tão importante. A coisa mais importante é a motivação que te leva ate lá.
MW: Então, por exemplo, um morador de Boulder poderia realmente fazer uma viagem para as montanhas com a intenção de iluminação espiritual, e alcançar um estado iluminado?
Prem Baba: Por que não? A iluminação é um fenômeno que está aqui e agora. Poderia acontecer em qualquer lugar e a qualquer momento.
MW: O que dizer, por exemplo, se um prisioneiro ler o seu livro, se sentir confortado pelas suas palavras, e decidir dedicar-se aos seus ensinamentos. Esta pessoa poderia atingir a iluminação naquela cela de prisão?
Prem Baba: Isso também e possível. Pode até ser um criminoso: se em algum momento ele se abre, então ele pode despertar.
MW: E essencial que a pessoa seja inteiramente devota à Sachcha, ou e possível que ela adapte os seus ensinamentos de amor a sua própria religião e alcance a iluminação?
Prem Baba: A Iluminação é um fenômeno que está além da mente. A religião é um fenômeno da mente. Sendo assim, a religião em si não é importante. A iluminação é para todos, de todas as religiões. Sachcha não é, em si, uma religião. É o nome de um princípio universal, que fala sobre a verdade de quem realmente somos. Fala da verdade do que está por trás de tudo o que nós pensamos que somos e tudo o que imaginamos que a verdade seja. Então Sachcha é uma palavra que significa a verdade irrefutável. É o que resta depois de remover todos os pensamentos, as crenças, as ideias sobre o que a vida é e o que somos.
MW: Então, basicamente [Sachcha] é uma religião sem dogmas?
Prem Baba: Eu não diria nem mesmo que é uma religião. É apenas um caminho. O caminho que te leva para a lembrança de quem você é. Porque não há nenhum dogma ou seita, você não tem que acreditar em alguma coisa em particular, pelo contrário, a ideia é justamente abandonar todas as crenças e ideias.
MW: O que indicou que você se tornou iluminado?
Prem Baba: Eu já nasci buscando por respostas, procurando entender a vida. Durante esta minha jornada, percebi que muitas vezes eu não sentia prazer.
Às vezes eu sentia prazer, mas, em seguida, este prazer me levava à dor. De repente, percebi que tudo o que fiz na vida foi ou para buscar o prazer, ou para fugir da dor. E desta maneira eu só sentia prazer quando os meus desejos eram satisfeitos e realizados, quando eu conseguia o que eu queria. Em compensação eu sofria quando eu não conseguia realizar os meus desejos, ou então quando eu recebia um "não" da vida. Então eu tive alguns momentos de contentamento, mas era sempre dependente de algo que estava acontecendo do lado de fora. Em algum momento, esse contentamento sempre me levava de volta ao sofrimento. E assim eu procurava uma resposta para esta equação. Essa foi toda a essência da&nbs p;minha busca: Eu comecei a procurar em muitas religiões diferentes, e em diversas escolas de mistério.
Eu procurei por respostas na psicologia, onde encontrei muitas respostas, mas foram todas respostas intelectuais. Eu adquiri muitas respostas intelectuais, mas todo esse conhecimento não foi suficiente para me libertar da busca pelo prazer, e da fuga da dor. Eu ainda estava dependente das coisas que estavam do lado de fora para eu sentir qualquer alegria. Tudo dependia de certo reconhecimento de alguém, alguma aprovação de alguém. Dependia de algum carinho ou de uma declaração de amor. Mas quando eu não recebia estas coisas ou não era validado nas coisas em que eu acreditava que eu deveria ser valorizado, então eu sofria novamente.
Foi entao que Foi então que eu finalmente conheci o meu mestre, meu guru, Sri Sachcha Baba Maharajji. E pela primeira vez na minha vida, tive um vislumbre do que eu estava procurando. De repente eu me vi na frente de alguém que era puro amor. Independente do que poderia acontecer, ele iria continuar amando todos da mesma maneira. Então eu disse, “Uau, esse tipo de coisa realmente existe.” Diante da presença dele, eu podia sentir o mesmo amor dentro de mim. Naquele momento eu senti o contentamento puro, onde eu não precisava de mais nada. A única coisa que eu precisava era estar na presença dele. Aquela presença era como um sol me iluminando. Por u m momento, percebi que o sol foi iluminando o sol que estava dentro de mim. A única coisa que ele estava fazendo era remover as nuvens que cobriam o meu próprio ser. E então eu comecei a experienciar este estado onde eu não precisava de nada, e eu me sentia inteiro e preenchido. Onde eu sentia uma alegria sem causa. Onde o amor apenas florescia para todos e para tudo. Onde a ideia de um eu separado desapareceria completamente. Até que em um determinado dia, eu consegui me sustentar neste estado: eu tinha aprendido o caminho de volta para este lugar.
E assim, a iluminação é o reconhecimento de quem somos por trás do nome, por trás da forma, e da sua história pessoal. Iluminação acontece quando você se reconhece como a vida e como o próprio amor, um amor que é impessoal e desinteressado. Quando este reconhecimento acontece, então todas as questões simplesmente desaparecem.
MW: Vamos falar sobre o seu livro “From Suffering to Joy: The Path of the Heart”. Alguns capítulos me intrigaram, como por exemplo, a parte 3, Transformando Relacionamentos. Você fala sobre sexo e casamento. Em muitas culturas, o celibato é parte fundamental do caminho da iluminação. Você poderia explicar como os relacionamentos e os sexos estão sim relacionados com a iluminação?
Prem Baba: Eu sinto que o que é melhor para o ser humano é seguir seu coração. Como eu disse, minha religião é o amor. O caminho que eu estou ensinando é o caminho do coração. Portanto, não tem uma fórmula única que pode ser aplicada para todos. Cada um encontra o seu próprio caminho, sua própria maneira de experimentar a unidade. Mas observando a humanidade de uma forma geral, eu vejo uma grande necessidade das pessoas se relacionarem umas com as outras, até mesmo porque os relacionamentos são uma forma importante para o autoconhecimento. E assim como você se permite conhecer o seu interior através dos relacionamentos, você vai eliminando todas as camadas que cobrem o coração. E então será possível a união entre amor e sexo.
E quando essa união de amor e sexo acontece, naturalmente surge o espaço para que haja meditação dentro do relacionamento, espaço para o silêncio, espaço para a paz dentro da relação. Então é possível que em alguns casos, a evolução da energia sexual aconteça. E em algum momento essa evolução da energia sexual dá lugar ao celibato. Esse tipo de celibato é um florescimento, é um fenômeno que surge naturalmente. Sua força vital ou energia vai se tornando sutil até chegar ao ponto em que você simplesmente não tem mais motivação para estar em um relacionamento com outra pessoa.
De forma alguma eu estou julgando as escolas que dizem que o celibato seja necessário para a evolução, ou seja, uma condição para a iluminação. Mas o que eu estou dizendo é que, na minha visão, o celibato não pode ser forçado. Repressão pode gerar muitas dificuldades para a iluminação. Tudo o que é proibido, é desejado. Então eu sinto que a forma mais adequada é o caminho que a natureza nos ensina. Por exemplo: você não força uma flor a crescer, a flor só cresce quando ela está pronta. O fruto só pode ser colhido quando está maduro. O mesmo vale para os relacionamentos e sexualidade.
MW: Na parte 6 do seu livro, Mestres Espirituais, você afirma que Jesus Cristo é o poder do perdão. Você poderia falar mais sobre esse ensinamento?
Prem Baba: Existem tantos dogmas e crenças diferentes sobre o que foi transmitido por Jesus. Mas independentemente de tudo que as religiões cristãs pregam sobre Jesus, e até mesmo independentemente do fato de Jesus ter realmente existido ou não, eu diria que, caso ele existiu todos os seus ensinamentos poderiam ser resumidos em uma única frase: "Pai perdoa-lhes, pois eles não sabem o que fazem.” Isto me toca profundamente.
Podemos até nos colocar no lugar dele naquele momento, quando ele estava sendo gravemente ferido e agredido, e foi capaz de perdoar aqueles que estavam lhe infligindo tanta dor. Ele perdoou porque ele era capaz de reconhecer que todas as agressões eram frutos de pura ignorância. Eu sinto que este é um ensinamento extremamente precioso para nós, porque ele está ensinando sobre a compaixão. E tal compaixão, eu sinto, é o remédio para este mundo.
Se você olhar mais profundamente para o sofrimento que existe neste mundo, você vai notar que as pessoas estão carregando dentro de si mesmas, pactos de vingança. De alguma forma ou de outra em algum momento elas acreditam que foram machucadas, abandonadas, rejeitadas ou humilhadas. E por isso, acreditam que têm razões e motivos para se vingarem do mundo. E assim continuam a recriar situações negativas para si mesmas e forçando o outro a fazer as coisas do jeito delas, com a esperança mágica de que em algum dia as coisas vão acontecer de forma diferente.
Basta dar uma olhada, por exemplo, nas relações afetivas como nós estávamos falando. O que é que impede a nossa energia vital de ascender? É justamente isso porque continuamos a tentar forçar o outro na relação a nos dar o que o outro simplesmente não tem para dar. O que nós queremos são escravos para satisfazer nossos desejos: "Quero que as coisas sejam feitas do meu jeito, no momento exato que eu quero e do jeito que eu quero." Este desejo de escravizar os outros nasce de um ponto de ódio, um pacto de vingança, já que em algum momento nos sentimos magoados ou ofendidos de alguma forma.
É por isso que eu digo que o perdão é o instrumento que permite que a compaixão surja. Eu sinto que este é exatamente o ensinamento que Jesus tentou nos ensinar, mas que até hoje, vejo poucos cristãos realmente colocando em prática. Então é por isso que eu estou dizendo que a ideia não é seguir Jesus, ou seguir o que ele havia ensinado: ao invés de seguir, você se torna o ensinamento. Você se torna o perdão. Você se torna a compaixão. Isso é o que eu chamo de Sachcha. Que é a Verdade.
Você pode ficar pensando ou falando sobre compaixão tanto quanto você quiser, mas enquanto você continuar machucando o outro, você não está sendo verdadeiro. Vejo muitos líderes por aí fazendo palestras incríveis sobre o perdão e amor, mas assim que voltam para casa lá estão eles novamente, machucando suas esposas e filhos. Portanto, neste capítulo, eu falo sobre o que eu sinto que é a essência dos ensinamentos do mestre. E o ensinamento de Jesus é o mesmo que de todos os grandes mestres que caminharam sobre a Terra.
MW: Falando nisso, qual mestre, na sua opinião, nos influenciou mais positivamente?
Prem Baba: Eu sinto que todos eles influenciaram o mundo para melhor. Todos estes mestres espirituais foram canais de amor e sabedoria. Mas, mesmo assim, nem sempre os seus seguidores souberam fazer o melhor uso desses ensinamentos. É realmente muito fácil fazer uso inadequado de um ensinamento autêntico, usando-o a serviço do ego e do egoísmo. É fácil para o ego se apropriar de uma verdade espiritual ou de um ensinamento. Eu não posso garantir, por exemplo, que em algum momento alguém não vai sair por aí com o meu livro e dizer: “olha só isso que o Prem Baba disse,” e t entar usar esse ensinamento para dominar e ferir o outro: é possível.
MW: Qual e o seu próximo passo? Você tem algum plano?
Prem Baba: Após o satsang amanhã, eu vou ao Brasil para dar mais dois satsangs, e depois eu digo tchau por hora para o Ocidente, e darei início à temporada anual na Índia, que se inicia em dezembro e vai até meados de abril. Maharajji tem um ashram na cidade de Rishikesh, e é lá onde recebo buscadores de todo o mundo que vêm à procura de conforto para a alma. Nós temos uma rotina diária de satsangs, meditação e cantos devocionais. Nós também poderíamos resumir tudo o que fazemos como um movimento em direção ao silêncio, um passo decisivo para o amor consciente.
MW: Qual será o tema principal para o satsang de Boulder?
Prem Baba: Essa é uma boa pergunta, já que eu nunca sei o que vou falar. Eu nunca programo ou planejo o que eu vou dizer. Eu sento e as coisas acontecem. Mas são sempre respostas para as perguntas que afligem as pessoas presentes, para proporcionar-lhes certa direção.
MW: Então você canaliza a energia que você sente na sala?
Prem Baba: Exato. Eu sinto a energia do lugar, e depois, naturalmente, eu transmito as respostas que transformam e elevam a energia. Em alguns lugares, as pessoas escrevem as perguntas para eu ler para que eu possa respondê-las diretamente, mas eu não sei como será amanhã.
MW: Como psicólogo, como você descreveria essa energia?
Prem Baba: Primeiro eu preciso esclarecer que eu já fui um psicólogo. Este psicólogo era uma parte da minha história, uma parte de mim, de quem eu sou. Mas, a fim de manifestar plenamente Sri Prem Baba, eu tive que abandonar o psicólogo e a minha identificação com ele. Talvez você pudesse reformular sua pergunta sobre o que você quer dizer sobre a energia?
MW: Então, quando você responde a essas perguntas, de onde vem esta sabedoria?
Prem Baba: Esta fonte vem de um lugar que está dentro de cada um de nós. Eu chamo de coração, o coração puro. E este coração Carl Jung chamou de "Self", outros o chamam de "o centro da consciência." Eu prefiro chamar de coração. Quando o coração é puro, porque já foi purificado de toda a dor e as feridas ou ressentimentos do passado, então se torna este espelho do todo, um portal da sabedoria universal. Todas as respostas vêm naturalmente.
MW: Há alguma mensagem que você gostaria de enfatizar ou esclarecer?
Prem Baba: Eu sinto que você entendeu a essência do que eu estou tentando transmitir. Mas eu poderia destacar ainda mais um ponto: Existe de fato uma alegria sem causa. Existe de fato esse amor puro e impessoal que não depende de nada que vem de fora – é o amor altruísta. Este contentamento existe. Tudo isso está dentro do coração de cada um. E se você realmente quer encontrá-lo, você tem que voltar para dentro, você tem que olhar para dentro de si mesmo.
MW: Quando você olha para dentro, é necessário ter um guru para guiá-lo?
Prem Baba: Como eu disse, não existe uma fórmula única. No meu caso, se fez necessário ter um guru. O guru que se manifesta em um corpo fora de você age como um espelho. Os olhos do guru refletem o que está dentro de você, eles refletem o amor que já existe em algum lugar dentro.
MW: Então, qual é sua definição de guru?
Prem Baba: Para mim, o guru é a personificação do amor altruísta e impessoal que dissolve as nuvens da ignorância, as nuvens que nos fazem acreditar que somos qualquer outra coisa senão o amor.
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Artigo O artigo a seguir foi publicado na revista Mountain Weekly no dia 8 de Novembro de 2011.
Por Pat Kohlway
Boulder, CO. No último domingo, dia 30 de Outubro, em Boulder, Colorado, Sri Prem Baba ofereceu um satsang para seu sangha, esta foi sua nona visita anual. Desde minha entrevista com Prem Baba eu tive dificuldade em manter a minha experiência desse evento totalmente objetiva, da forma como um bom jornalista sempre deveria. Mas nesses últimos dias eu aprendi tanto sobre mim mesmo através dele que é difícil não fazer essa revisão ficar um tanto emotiva e pessoal. Antes da minha entrevista com o Prem Baba, eu tinha quase nenhum conhecimento a respeito dele e do seu Sangha (uma palavra em Sânscrito que pode ser traduzido como “assembleia” ou “comunidade&rdq uo; com um objetivo, visão ou propósito em comum) que mora aqui em Boulder. O Satsang aconteceu na Unity Church, que é uma seita Unitária do Cristianismo. O Sangha do Prem Baba ou a linhagem Sachcha não são formalmente conectados a Unity Church, porém a natureza liberal da seita permitiu um ambiente positivo para que o satsang acontecesse.
William Ury, um aluno antigo e querido amigo de Prem Baba iniciou o satsang (Uma palavra em Sânscrito que pode ser traduzida para “na companhia da verdade” ou “na companhia de um guru”) nos informando que a noite iria fluir como uma peça dividida em três atos. O primeiro ato seria a música e os cantos introdutórios liderado pelo talentoso músico e convidado Robert Gass e a banda do Sangha. O segundo ato permitiria que Prem Baba assumisse o comando e começasse a compartilhar suas palavras de sabedoria. E o ato final seria o pranam, sendo ele uma prática que faz com que os estudantes absorvam simbolicamente a energia e possam processar a experiência do mestre e sua sabedoria. Normalmente o mestre oferece algum alimento ao estudante nesse momento, acompanhado com um profundo e respeitoso olhar nos olhos do guru. William nos disse que se alguém tivesse qualquer questão em específico para perguntar ao Prem Baba, teriam pedaços de papéis aos arredores e que eles seriam traduzidos e apresentados para ele depois. E assim William passou a condução para Robert.
O primeiro ato ocorreu lindamente pelos sete integrantes da banda que tinham seus instrumentos espalhados pelo palco. Eles animaram a platéia com uma música tradicional Védica, as palavras eram em Sânscrito e tinha uma melodia encorajadora. Depois Robert falou algumas palavras, bem conectado com o coração, enquanto dedilhava as cordas do seu violão. Ele seguiu com a respectiva tradução em sânscrito, enquanto o resto do Sangha seguia progressivamente. A voz de Robert era única e encantadora, enquanto suas palavras eram alegres e sinceras. Depois, Robert indicou qual eram o canto e os mantras que deveríamos seguir. Ele nos disse que enquanto Shiva é o deus da transformação, esse canto iria reconhecer o estado do momento presente do mundo com respeito, e a prati cidade disso seria significativa.
Robert disse ao Sangha, “Então, começaremos devagar, e seguimos elevando a energia até alcançar um momento de êxtase e depois traremos a plateia para baixo lentamente”. E com isso a plateia riu. O mantra a ser cantado era Om Namah Shiva, seguido por Shiva Om Namah. A banda começou melodicamente, com o apoio da voz poderosa de Thomas Modern e uma progressão de acordes básicos. Sutilmente a plateia juntou-se no cantar do mantra, e o canto ganhou força, como uma maré alta. Depois de algum tempo o ambiente se aquietou e em seguida através de um ritmo simples, ondas de energia rapidamente invadiram o ambiente. As famílias estavam dançando e rindo com suas crianças. No seu ápice, podíamos quase sentir o prédio tremendo pelo efeito sônico, e finalmente um maremoto de benevolência invadiu o palco, e assim a música, o mantra e as pessoas foram levadas. Robert repetiu o mantra mais uma vez e respirou profundamente permitindo que a energia metabolizasse. Então Robert explicou que o próximo mantra a ser cantado era originalmente Cristão. Sendo o mantra clássico Aleluia, que significa louvar Deus, exibindo a linhagem Sachcha que se dedica em revelar a verdade independentemente da tradição. Tamanha diversidade de seleção musical não é algo comum entre os paroquianos, mas mantenha em mente que isso não é um grupo religioso. Isto é Sachcha, apenas um caminho que leva a verdade que todas as religiões ensinam. O solene mantra Aleluia foi o yin para o yang do mantra anterior. E assim o primeiro ato se fechou, e William subiu ao palco mais uma vez.
Antes do segundo ato, William nos familiarizou com a trajetória de Prem Baba. Nascido no Brasil e criado por sua avó devota, Prem Baba sempre esteve buscando pela verdade. Nunca se sentindo espiritualmente satisfeito ele foi à Índia quando tinha 33 anos, onde conheceu seu professor e mestre Sri Sachcha Baba Maharajjii. Ele resistiu durante três anos antes de finalmente entregar o seu ego ao guru, e isso foi quando ele recebeu o nome Prem Baba, Sânscrito para pai do amor. William então diminuiu a voz e nos disse que poucos dias antes o guru de Prem Baba havia feito a passagem para o outro lado. Ele estava no norte do Brasil quando recebeu a notícia e imediatamente viajou ate a Índia para participar das cerimônias que iam durar semanas... Porém ele pensou no satsang e no grupo aqui em Boulder, e em como n&o acute;s estávamos esperando ansiosamente a sua chegada. Então ele permaneceu dois dias nas cerimônias e veio para Boulder, chegando a tempo para uma entrevista, e claro para o satsang. Um sentimento de humildade se derramou sobre mim quando eu percebi quem o Prem Baba era. Não somente estávamos na presença de um ser iluminado... Mas o Prem Baba é também um líder espiritual da linhagem Sachcha. William pediu para todos levantarem enquanto a banda tocava uma suave serenata ao Prem Baba com dedicação.
Coberto em trajes brancos, ele surgiu do lado esquerdo do palco e vagarosamente caminhou até sua poltrona, e todos da audiência sentaram junto com ele. Christian, o filho mais velho de William Ury, estudante e tradutor pessoal do Prem Baba sentou em posição de lótus à sua esquerda e esperou.
O guru fez três respirações profundas e o ato dois estava em movimento. Ele explicou como faz em todos os satsangs, que o objetivo é aprender sobre os mistérios e os tesouros do coração. Ele relacionou a nossa existência neste planeta com uma escola de amor consciente.
“Independentemente se você está consciente disto ou não, você está matriculado nesta escola de amor consciente, e nesta escola você não pode colar”. O seu comportamento espirituoso foi recebido com boas risadas e realmente esquentou a plateia.
“Você não irá receber o diploma enquanto seu coração não estiver verdadeiramente aberto. Todos os desafios que encontramos nesse plano são aulas dentro dessa Escola de Amor”. Depois ele mudou de direção quando apresentaram para ele algumas perguntas vindas da audiência. Ele leu as perguntas e falou sobre seu passado, suas batalhas com a iluminação e sua experiência em lidar com a passagem do seu guru.
Ele disse “Estávamos esperando que isso fosse acontecer já por um tempo, mas mesmo assim, a morte é sempre uma surpresa”. Prem Baba seguiu falando sobre seu caminho, e sua relação com seu guru e como ele esperava para retornar à Índia para sua temporada anual que acontece de Dezembro até meados de Abril.
Ele leu mais algumas perguntas, mas o que ficou mais forte para mim foi a sua sabedoria relacionada às distorções das três virtudes, serenidade, amor e poder. Ele disse que a distorção da serenidade é indiferença. Quando você não sente nada, isso é uma forma de você se isolar da dor. A indiferença é somente um mecanismo de defesa, como também as outras duas distorções. A distorção do amor é a submissão. A distorção do poder é a agressividade. Essas distorções são ferramentas que usamos para controlarmos uns aos outros, para sermos aprovados ou amados. O que você vai fazer quando essas distorções pararem de funcionar? Essa sabedoria teve um significado bem pessoal para mim, e escutar ele falar sobre essas distorções com detalhes foi muito íntimo. É como se ele soubesse quais eram as minhas preocupações, e assim ele falou sobre elas diretamente. A forma amorosa com a qual ele se expressa provocou essa sensação em todos da audiência. Isso não foi uma palestra, foi uma conversa. E para que encerrássemos o satsang, Prem Baba ofereceu a audiência a possibilidade de fazerem mais perguntas sobre assuntos que talvez ele não tivesse comentado. Ele disse para perguntarem sobre qualquer coisa que estivesse incomodando pessoalmente.
Algumas pessoas falaram e perguntaram como aplicar essa sabedoria em coisas como relacionamentos, educação de filhos, e sobre a sensação de vácuo que existe no coração. A sua resposta sobre o vácuo no coração foi muito poderosa, enquanto ele honestamente descreveu a diferença entre a profunda tristeza com o estado de não sentir absolutamente nada. Prem Baba comparou esse vazio com um deserto, e que esse vazio pode se manifestar algumas vezes junto com desconfortos físicos. Ele sugeriu que essa angústia de vazio, às vezes caminha lado a lado com um profundo ceticismo. Essa completa falta de fé que faz com que se queira desistir. Mas existe também outro tipo de vazio, “um vazio iluminado”, no qual a graça emerge, e todas as respostas s&ati lde;o reveladas. E neste momento o indivíduo está somente a um passo de se unir com o Espírito Santo. Ele disse que é possível dar esse salto a partir do “vazio árido” para o “vazio iluminado”. Isso pode acontecer nesse mesmo momento, em um mês, em um ano, em dez anos ou mesmo somente na próxima vida se você ainda não estiver pronto. Prem Baba fechou o segundo ato dizendo, eu acho que isso é tudo, rindo.
Christian continuou dizendo que o ato final seria o pranam, e que Prem Baba iria oferecer um alimento a todos. A audiência lotou o palco, reverenciando e agradecendo ao guru pessoalmente e simbolicamente digerindo o satsang.
A partir de uma terceira perspectiva, posso dizer que essa foi, de longe, a forma mais honesta e poderosa de devoção que eu já testemunhei. A cultura de hoje em dia tem a tendência de associar iluminação com a cultura Budista e Hindu, por isso eu estava feliz de revelar a verdade dessa congregação da qual eu era completamente ignorante. Eu não sabia onde eu estava entrando quando aceitei cobrir esse satsang, e esta experiência vai permanecer comigo para sempre. A verdade é que todas as respostas dele para as nossas perguntas são coisas que não podemos aprender de um livro. Ele ensina que essa sabedoria infinita reside dentro de cada um de nós. Isso é um ditado antigo que todos aceitamos como verdade, mas existe uma razão para os clichês serem t&ati lde;o comuns. O individuo só precisa caminhar o caminho do coração, e a verdade irá se revelar.
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