Os Primórdios
da História
da
Santa Isabel
Acompanhe a seguir a VERSÃO COMPACTA do livro:
“Quando vejo um velho casarão demolido ou um lugar importante descaracterizado é como se uma parte de mim desaparecesse. Desaparece como cenário da minha vida, como cenário da minha ficção.”
Moacyr Scliar
“A Cultura representa uma vontade de construirmos um futuro socialmente possível, representada por ‘uma vontade de ultrapassar a vida’ ”
Gaston Bachelard
FICHA CATALOGRÁFICA
JACOMINI, Jacques. Os primórdios da história da Santa Isabel. Viamão: Ed. do Autor, 1999. 30 p.
Todos os Direitos desta edição estão reservados ao autor.
Pedidos para Associação dos Amigos do Patrimônio e dos Bens Culturais do Município de Viamão (AAPC)
Dedicatória:
Dedico este livro ao meu pai, Zeferino Jacomini, pela sua contribuição na minha formação e nos estímulos para vencer as batalhas da vida. Exemplar na sua dedicação e no desempenho familiar, presto-lhe hoje esta singela homenagem. Pai, obrigado por tudo !!
Agradecimentos:
Agradeço todas as pessoas que de forma direta ou indireta colaboraram para a construção desta obra.
INDICE
Seja Bem Vindo à Santa Isabel
Para começo de conversa
Santa Isabel, Viamão, Rio Grandense do Sul: O que acontecia nesta
região nos séculos passados ?
Jerônimo de Ornelas – O Sesmeiro do Morro Santana
A chegada dos Açorianos
Inácio Francisco de Melo comprador da Sesmaria de Santana
de Jerônimo de Ornelas
Finalizando esta prosa
Para saber mais
Anexos
SEJA BEM VINDO À SANTA ISABEL
Para quem chega pela primeira vez, a impressão inicial é semelhante a de quem entra em um vale. A imagem imponente do Morro de Santana já está ali incólume, como quem dá as boas vindas e registra: sege bem vindo a um vale da afluência. E a relação com este imenso tótem isabelense parece ser, de fato, muito intima. Basta percorrer a Avenida Liberdade, coração da Santa Isabel, em toda a sua extensão que, ao final dela, na confluência com a Avenida Paraná você estará novamente diante dele. Imponente, secular, protetor, revelador, enfim, você estará diante do Morro Santana.
No deslocamento até o final da Avenida Liberdade, você passou por vários locais que marcam o jeito de ser do isabelense, preste atenção: A Praça da Santa Isabel, local de encontro das mais diversas gerações deste lugar, quase ao lado da Praça você encontra diversas opções de cultura e lazer na Locadora de Fitas Cinematográficas, Laboratório Fotográfico e Tabacaria do Jairo (Vídeo e Foto Mania) e na Livraria do Pertile (Artecolor Pertile), mais adiante você abastece o seu automóvel no Posto de Combustível Bonetto, o primeiro e único da Santa Isabel. Bateu aquela fome ? Não se preocupe, já estamos próximos do Restaurante do Cristiano, tradicionalmente conhecido como “Super Xis Genesini”, que oferece lanches, refeições e bebidas em um cardápio bastante variado. Feita a refeição, cruzando a confluência da Rua Rincão da Querência com a Avenida Liberdade, você estará diante do templo religioso de maior significado para os isabelenses. Aqui mora a Santa Protetora, a Padroeira, a Rainha Isabel. Foi no entorno da sua graça e adoração que a gente deste lugar se fez povo devoto de uma tradição milenar de apoio e defesa dos pobres, excluídos, doentes e incapazes. Não esqueça, ao passar pela casa da Santa Isabel, faça a sua prece, agradeça ou solicite a sua benção que a sua estada aqui será valiosa. Juntamente com a fé, atualmente a tecnologia também passa a fazer parte do nosso cenário, pois já estamos na Rede Mundial de Computadores (INTERNET), Você Sabia? Então, anote o endereço:
HTTP://GO.TO/SANTAISABEL. O desenvolvedor e criador da página é o amigo Paulo Lilja. Se você quiser saber mais sobre este ambicioso projeto de disponibilizar a nossa aldeia para o mundo acessar via-rede converse com o Paulo no seu escritório que ele terá o máximo prazer em recebê-lo.
Assim é a Santa Isabel, local de fé, de trabalho, de luta por um amanhã mais justo e solidário. A nossa história passa a ser resgatada a partir de vários esforços como este que aqui empenhamos na construção deste livro. Faça a sua parte, contribua para que o nosso passado não se perca na lembrança dos nossos irmãos que, paulatinamente, se transmutam em estrelas da constelação que iniciou com a estrela primeira, Santa Isabel da Hungria. Através de um depoimento, de um relato, de uma fotografia antiga da sua família, enfim, com um simples e humilde gesto você poderá estar intervindo nos rumos desta história que além de permanecer viva e presente na memória de cada um de nós, começa a ser contada oficialmente através destas páginas.
PARA COMEÇO DE CONVERSA
Em 1997 iniciei uma pesquisa na Universidade Federal do Rio Grande do Sul que tinha por objetivo investigar alguns aspectos da história e do desenvolvimento urbano da cidade de Porto Alegre. Sob a orientação de profissionais do mais alto nível técnico, utilizando as ferramentas oferecidas pelas ciências sociais, especialmente a Antropologia, fui enveredando pelos campos do conhecimento científico que me levariam a traçar um eixo de ligação entre a história de Porto Alegre, Viamão e, posteriormente, da Santa Isabel.
Foram vários meses de investigação em diversas bibliotecas, arquivos públicos, museus e outros “lugares da memória cultural”, de trocas de experiência com outros pesquisadores da própria universidade e de fora dela, de avanços significativos no “descobrimento” de aspectos, conceitos, fatos e datas históricas perdidas ou esquecidas em vários lugares do passado
Foi então que comecei a ter contato com referências bastante significativas da nossa historiografia local. Em vários momentos encontrava, por exemplo, historiadores referindo “O Porto de Viamão”, os “Campos de Viamão” e figuras históricas ilustres como Jerônimo de Ornelas, João de Magalhães, entre outros. Na condição de filho desta terra, era inevitável não realizar um recorte paralelo aquela pesquisa inicial sobre a história de Porto Alegre, redobrando os esforços e buscando todo o tipo de informação que surgisse sobre a história de Viamão e sobre a história da Santa Isabel.
Em setembro último, mês de aniversário de Viamão, realizei uma grande tentativa de síntese do material que havia pesquisado até aquele momento e publiquei no Jornal Correio Rural pequenos resumos sobre as questões mais centrais da história de Viamão e da Santa Isabel. Selecionei justamente questões que são, na maioria das vezes, mal compreendidas e referidas sem o rigor historiográfico necessário. Este material foi dividido da seguinte forma:
Matéria 1 - Os Campos de Viamão e o Porto de Viamão
Matéria 2 - O Porto de Viamão recebe os Casais Açorianos
Matéria 3 - Viamão - Capital do Estado do Rio Grande do Sul
Matéria 4 – Morro de Santa Ana (ou de Santana) – Patrimônio Etnológico
Neste livro proponho retomar algumas destas questões históricas já trabalhadas, pois representam o contexto social e histórico que são imprescindíveis para o entendimento dos aspectos específicos da história da Santa Isabel. O objetivo central desta obra, no entanto, é responder a seguinte questão: A Santa Isabel tem a sua própria história ??? Acredito que sim e é por essa razão que ofereço estas páginas para os isabelenses tirarem as suas próprias conclusões.
Em diversos momentos da minha caminhada intelectual, esta questão era muito presente no meu imaginário e sentia a necessidade de “equacioná-la” de forma honesta, objetiva e com o rigor científico que a situação exigia. Após várias incursões nos documentos históricos, muitas leituras de autores que me antecederam e de muitas trocas com colaboradores, amigos e informantes, cheguei a uma fórmula metodológica que me parece ser a mais adequada para encaminhar a questão que estava colocada: Traçar uma trajetória histórica da Santa Isabel desde os primeiros povoadores da região sul até os nossos dias. Mas como realizar um objetivo tão audacioso como este, afinal de contas estamos falando de quase três séculos de história ??
Optei por dividir este grande período em dois momentos distintos. O primeiro parte da época considerada como a do início do povoamento do extremos sul (1730), oportunidade em que Dona Ana da Guerra (Irmã do Fundador de Laguna), acompanhada do seu genro, João de Magalhães, chegam nos campos de Viamão, estabelecendo-se no lugar denominado por eles de “Lombas” (Lombas é o lugar onde encontramos hoje o Distrito de Águas Claras / Viamão). e ali erguem uma Capela em Louvor a Nossa Senhora da Imaculada Conceição e Santana até a década de 50 (deste século), momento a partir do qual temos o estabelecimento dos primeiros imigrantes europeus aqui na Santa Isabel. O segundo momento vai, consequentemente, da chegada dos primeiros imigrantes (1950) até aos dias atuais.
Este recorte no tempo que utilizo para falar da história da Santa Isabel é necessário do ponto de vista prático e metodológico pelos seguintes motivos. Em primeiro lugar, a única forma de investigar este passado remoto referente a história da Santa Isabel nos séculos XVII, XVIII e XIX é através dos documentos históricos encontrados nos museus, arquivos públicos e livros antigos, uma vez que mesmo que tentasse colher o depoimento de alguém que viveu nesta época seria impraticável por razões óbvias. Em segundo lugar, o trabalho dos arqueólogos e etnólogos que investigaram os sítios arqueológicos do Morro Santana dão conta de várias questões históricas desta época, através da reconstituição de materiais coletados em campo durante escavações realizadas recentemente. Em terceiro lugar, a partir do momento em que é possível encontrar pessoas ainda vivas e que vivenciaram esta Santa Isabel Antiga, a partir de 1950, recorro a reconstrução etnográfica através das principais técnicas de pesquisa que o legado antropológico nos ensinou, ou seja, entrevistas com informantes, utilizando recursos técnicos como o gravador de áudio, gravação de imagens em VHS, fotografia, imagens digitalizadas e processadas por meio informático, observação direta e participante, análise de conteúdo e de contexto destas entrevistas e de documentos históricos relacionados a elas, etc.
Neste livro abordaremos apenas o primeiro período citado acima, ou seja, o que parte da época considerada como a do início do povoamento do extremos sul (1730), até a década de 50 (deste século) momento a partir do qual temos o estabelecimento dos primeiros imigrantes europeus aqui na Santa Isabel. O segundo período será trabalhado em uma obra posterior a esta.
Para atender aos objetivos propostos para neste livro, divididos-o em 9 segmentos nominados da seguinte forma: Seja Bem Vindo à Santa Isabel; Para começo de conversa; Santa Isabel, Viamão, Rio Grandense do Sul: O que acontecia nesta região nos séculos passados ? ; Jerônimo de Ornelas – O Sesmeiro do Morro Santana; A chegada dos Açorianos; Inácio Francisco de Melo comprador da Sesmaria de Santana de Jerônimo de Ornelas; Finalizando esta prosa; Para saber mais; Anexos.
Versão integral disponível em:
http://acidadedesantaisabel.blogspot.com/p/os-primordios-da-historia-da-santa.html