Jorge(s)
Jaques
A história de Jorge.
Eu vou falar de Jorge. A Fé remove montanhas, diz o
ditado popular.
As imagens historiográficas clássicas mostram dois
lados bem definidos na formação (e fundação) dos lugares em que vivemos. Uma
classe dominante (geralmente europeus) dirigindo um processo de “desbravamento”
e uma massa de gente oprimida e escravizada, ou seja, a mão de obra que executa
as tarefas (geralmente nativos escravizados, especialmente africanos). A
chegada do povo africano na “terra brasilis” marca o início de um fenômeno
religioso importante. Os negros não chegam sozinhos. Eles trazem consigo os seus
deuses, guias espirituais e seres descorporificados (protetores dos oprimidos -
orixás). Falar de Jorge, depois do que vivi hoje no meio do meu povo é uma
tarefa auspiciosa. Jorge não é isto ou aquilo. Jorge não está aqui ou ali.
Jorge não tem preço. Jorge não tem face. Jorge é simplesmente Jorge (Ogum).
O que resta a um oprimido senão reagir. Foi o que o
nosso povo fez: REAGIU (a opressão e a humilhação), CRENDO. Sabiam que não
estavam sós e, portanto, buscavam forças “superiores” para viver em um ambiente
extremamente hostil e cruel. Jorge é o produto deste processo (mágico). Jorge
só pode ser entendido dentro deste contexto histórico. Estamos
vivos, fortes e elevados após séculos de escravidão, de opressão e de
infortúnios pelas mãos de Jorge.
Ao fundo ouço, além da sonoridade deliciosa da
chuva lambendo o telhado, o canto da nação: ô, ô, ô, o! ô ô ô, o! É a
comunidade reunida em torno do “Boteco da Vila”. La, La, laia! La, La, laia!
Aqui da redação do blog vejo a quadra da vila, Vila Isabel. Jorge, Vila,
Jaques. 1970, 2001, 2013. Jacó.
Hei de ver a Lua brilhar. Iluminar o nosso
pavilhão. Sou da vila faz tempo e ninguém vai nos separar. Isso sim é Vila
Isabel, canta o poeta da vila. Água da Bica (Bel). Falo e assino. Canto e
profetizo. Abril blog. Está tudo começando agora.
Texto Publicado em 28/04/2013
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