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terça-feira, 16 de dezembro de 2014
domingo, 14 de dezembro de 2014
Guma
GUMA
Escultor de personagens que remetem ao homem dos pampas,
Gomercindo da Silva Pacheco nasceu em 1924, o GUMA, colocou na madeira,
terracota, bronze e pedra-sabão o que sua sensibilidade ditava. Morreu em 2008.
A arte entrou na vida de GUMA pelos corredores do Instituto de Belas Artes da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde era servente. O estilo
bem definido e pessoal abriu espaço para GUMA ser acolhido pela classe
artística de Porto Alegre. Suas esculturas fazem parte do acervo do Museu de
Arte do Rio Grande do Sul (MARGS) e foram exibidas em São Paulo, no Rio de
Janeiro, em Brasília e em Curitiba. Nos anos 80, abriu um ateliê, onde
trabalhou até 2002, quando sofreu um infarto. Dois anos depois, perdeu sua
esposa. Sua obra é seguida por seu filho Luis Fernando pois deixou várias
formas.
quinta-feira, 11 de dezembro de 2014
quinta-feira, 4 de dezembro de 2014
Eumenices
Eumênices
Para que se possa compreender a história de Íbico, que se segue, é necessário lembrar, primeiro, que os teatros dos antigos eram edificações enormes, capazes de conter de dez a trinta mil espectadores e, sendo utilizados somente durante as ocasiões festivas, com admissão franca para todos, habitualmente ficavam lotados. Não tinham teto, sendo abertos e expostos ao firmamento, e as apresentações eram durante o dia. Em segundo lugar, a aterradora apresentação das Fúrias não foi exagerada nesta história. Ficou registrado que Ésquilo, o poeta trágico tendo em certa ocasião se apresentado às Fúrias com um coro do cinquenta vozes, aterrorizou tanto aos espectadores que muitos deles desmaiaram ou ficaram em convulsões, e os magistrados proibiram apresentações dessas daí por diante.
Íbico, o poeta piedoso, estava de caminho para as corridas de carros e
competição musical no Istmo de Corinto, que atraiam todos os que fossem de
ascendência grega. Apolo dotara-o de talento no canto e com dulcíssimos lábios
de poeta;prossegui no seu caminho todo alegre, grato ao deus. As torres de
Corinto já coroavam o horizonte quando entrou, com respeito piedoso no bosque
sagrado de netuno. Não havia nenhuma criatura viva a vista, só um bando de
garças voava ao alto, na mesma direção que ele, ou seja, migravam para uma
região mais austral. “Boa sorte a vós, ó! Esquadrões amigos!, exclamou ele
“meus companheiros dos outro lado do mar. Considero a vossa companhia como um
bom agouro. Viemos de longe e vamos à procura de hospitalidade. Desejo que
tanto vós como eu tenhamos a espécie de hospitalidade que guarda o hóspede
forasteiro de todo o mal!”
Continuou andando vigorosamente e em pouco tempo chegou ao meio do
bosque. Ali, de repente, dois ladrões apareceram e barraram-lhe o caminho. Ele
tinha de ceder ou lutar. Mas a sua mão que estava acostumada à lira e não à
luta. Com armas era inofensiva. Pediu aos deuses e aos homens que o
auxiliassem, mas os seus apelos não atingiram os ouvidos de qualquer
defensor. “Então, é aqui que tenho que morrer”, disse ele, “numa terra
estranha, morto por bandidos, sem ser lamentado nem haver quem me vingue?”
Fatalmente ferido, caiu ao chão, quando foi ouvido o canto rouco dos pássaros.
“Tomai a minha causa, vós, ó garças!” disse ele, “já que nenhuma voz, exceto a
vossa, me responde”. Dizendo isso, fechou os olhos e morreu.
O corpo, roubado e mutilado, foi encontrado e, embora desfigurado pelos
golpes e feridas, reconhecido pelo amigo de Corinto que o esperava como
hospede. “É assim que me apareces?” exclamou ele. “Eu que esperava adornar a
tua testa com uma coroa de triunfo na competição de música?”
Os hospedes que se reuniram para o festival souberam da notícia cheios
de consternação. Toda a Grécia sentiu a perda e todos os corações choraram.
Aglomeraram-se em redor do tribunal dos magistrados e exigiram a sua vingança e
castigo com o sangue dos assassinos.
Mas que indicação ou marca poderá apontar o perpetrador do crime no meio
da vasta multidão atraída pelo esplendor da festa? Teria sido morto por mãos de
bandidos ou de algum inimigo particular? Só o sol que tudo vê poderia dizer,
pois olhos nenhuns haviam visto. Mas não era improvável que nesse momento o
assassino andasse entre as multidões, gozando dos frutos de seu crime, enquanto
a vingança o procurava em vão. Talvez, mesmo dentro dos seus templos,
desafiasse ele os deuses e se misturasse à vontade com a multidão que enchia o
anfi-teatro.
Pois agora a multidão se junta, fila sobre fila, enchendo todos os
lugares, parecendo até que a edificação cairia sob o seu peso. O murmúrio das
vozes parece-se com o rugido do mar, enquanto os círculos das bancadas ao
ascender são maiores, degrau sobre degrau, subindo e parecendo querer atingir o
céu.
E agora a vasta assembleia escuta a formidável voz do coro,
personificando as Fúrias; em vestimentas solenes, avançam com passos medidos e
seguem pelo circulo do teatro. Seriam mulheres mortais, essas que compõe o
grupo aterrador, e será que este vasto concurso de figuras silenciosas não
sejam entes vivos?
As coristas, vestidas de preto, seguravam em suas mãos magras, tochas
ardendo com uma chama negra. Suas faces estavam pálidas e, em vez de cabelo,
serpentes enroscavam-se e sibilavam em volta de suas frontes. Formando um
círculo, essas aterrorizadoras criaturas cantavam seus hinos, amedrontando o
coração dos criminosos e dos culpados, paralisando-os de medo cada vez mais.
Mais alto e mais forte cantavam, afogando o som dos instrumentos, congelando o
raciocínio, enfraquecendo o coração e coagulando o sangue.
“Feliz o homem que conserva o seu coração livre de culpa e crime! A
esse, nós, as vingadoras, nada lhe faremos; ele caminhará pela vida sem receio
de nós. Mas desgraça! Desgraça! Para aquele que cometeu o ato de assassínio em
segredo. Nós, da medonha família da noite, desse nos apoderaremos completamente.
Ele poderá julgar que nos pode escapar, mas somos mais rápidas na perseguição e
ataremos os seus pés com as nossas serpentes, e forçá-lo-emos a cair no solo.
Persegui-lo-emos sem nos cansar; e a compaixão jamais nos deterá: sempre, mais
e mais, o perseguiremos até o fim da vida, e não lhe daremos paz nem descanso”.
Assim as Eumênices cantavam, e avançavam em cadencia solene, enquanto um
silencio, como o da morte, pairava sobre toda a assembléia, como se estivessem
na presença das criaturas sobrenaturais que representavam; e então, em marcha
solene, completando o circuito do teatro, saíram pela traseira do palco.
Todos os corações tremiam entre a ilusão e a realidade, e todos os
peitos arfavam de terror indefinido, aterrorizados pelo formidável poder que
observava os crimes secretos e fiava o novelo do destino. Nesse momento
ouviu-se um grito de um dos bancos mais altos: “Olha, olha, camarada, lá estão
as garças de Íbico.” E de repente apareceu voando alguma coisa escura que,
depois de inspeção, viu-se ser um bando de garças voando mesmo sobre o teatro.
“De Íbico?”, disse ele. Esse nome querido reavivou o luto em todos os peitos.
Assim como uma onda segue a outra sobre a superfície do mar, assim correram de
boca em boca as palavras “De Íbico! Esse a quem lamentamos, a quem mãos
assassinas abateram! O que tem as garças que ver com ele?” E mais alto
tornou-se o estrondo das vozes, enquanto que, com a velocidade de um raio, o
pensamento seguinte atravessou todas as mentes: “Observai o poder das Eumenides!
O piedoso poeta será vingado! O assassino traiu-se! Agarrai o homem que gritou
e o outro a quem ele falou!”
O culpado teria anulado as suas palavras, mas era muito tarde. Os rostos
dos assassinos, pálidos de terror, indicavam a sua culpa. O povo conduziu-os
até aos juízes, perante quem confessaram o crime, recebendo o castigo merecido.
Transcrição literal das páginas
Páginas 178-180
Do livro Mitologia Geral – idade da fábula
Autor: Thomas Bulfinch
Belo Horizonte, 1962
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