ADONIS
Eu participava do Projeto “Inventário Participativo de Viamão”, quando
tive contato com a história de vida de Adonis dos Santos. Foi um dos trabalhos
mais importantes que realizei na Velha Capital. Principalmente em relação ao
material relacionado ao quarto e oitavo distritos, ainda inédito entre nós.
Houve apenas uma publicação naquela época e o sucessor do passo municipal
decidiu não dar continuidade a este trabalho tão bonito.
Os méritos do homenageado são muitos, mas eu gostaria de destacar um em
especial: uma formação profissional muito sólida, marcada por uma conduta ilibada,
no papel de um homem de comunicação. Imaginem a “aventura” de se fazer jornal a
quase um século atrás. Eu penso que este ilustre viamonense merece as
homenagens que lhe apresento aqui e no legislativo, através do requerimento já
referido no blog. Eu gosto da forma como Adonis comunica: constrói um texto
objetivo e claro, além de bem estruturado e livre de “muitos enfeites”. O livro
“Viamão” é assim. Ele comunica sem cansar o leitor com adendos desnecessários,
notas de pé de paginas e outros recursos muito utilizados entre nós (floreios).
Solicitei a leitura do texto que segue, pois é auto-biográfico. Não é a
versão do fato. É o fato na boca do narrador. Adonis por Adonis, como afirmei
outrora. Nestes tempos de “faces”, de comunicação tão alterada, onde não se
sabe quem é o autor do que, pois tudo virou “recorta e cola”, Adonis assiste a
tudo com dó dos autores de hoje. Assim fala Adonis, ao referir o Coronel Pompeu
Vaz Ferreira (Página 207 do livro Viamão):
“As nossas homenagens ficam aqui consignadas, a este dileto filho de Viamão,
que soube com honradez e elevados propósitos, dignificar a terra que lhe serviu
de berço”.
Anexo
Texto da Contra-Capa do Livro:
VIAMÃO
De Adonis dos
Santos
"Nasci
na então Vila de Viamão, hoje progressista cidade, no dia 27/07/1913, na casa
onde até hoje reside meu venerando pai, Alcebíades Azeredo dos Santos, sita a
Rua Cirurgião Vaz Ferreira.
Após
freqüentar o colégio elementar, hoje Grupo Escolar Setembrina, sob a
proficiente direção do saudoso educacionista Tolentino Maia, tendo como
professora Dona Carmelia Curtis, além de outras mestras, em 1927 fui concluir
meu curso primário no Colégio Souza Lobo, em Porto Alegre, o qual tinha como
diretora a Professora Diva Branca Pereira de Souza.
Foram
minhas mestras neste educandário, as professoras Alcina Tobarda, Rita Dutra Job
e Vera Simich. Residia eu, naquela ocasião, numa velha residência a Rua Benjamin
Constant, sob os cuidados da conceituada educadora Dona Albertina Lavra Pinto
Eder; Concluído o curso primário, retornei a Viamão, onde trabalhei nas
oficinas tipográficas do ex “O Viamonense”, hoje “Correio Rural”.
Nessa
cidade fui também lecionado em aulas particulares pelos doutores Nelson
Barcelos da Veiga e Reverendo Gamaliel Cabral. Em 1929 ingressei no comércio em
Porto Alegre tendo trabalhado na firma Furtado & Feijó.
No período
de 1930 a dezembro de 1931, residi na Cidade de Gravatai lá exercendo as minhas
atividadesno “Correio Rural” que para aquele município havia se transferido,
tendo em vista a mudança de meu pai que passaria então a residir naquela
localidade. No dia 10 de dezembro de 1931, ingressei nas fileiras da gloriosa
Brigada Militar do Estado. Vida bastante acidentada a que tive na milícia
estadual, pois que, bem moço ainda já era graduado e me pesavam grandes
responsabilidades, tais como comandante de guarda e patrulhamento naqueles dias
agitados de 1932 afora.
Devo,
nesse relato biográfico tecer os maiores louvores à gloriosa Brigada Militar a
quem devo a minha formação de caráter, dignidade e de homem; Em 02 de janeiro
fui excluído, a meu pedido, da valorosa força estadual, após servir por mais de
quatro anos. No dia 10 de fevereiro de 1936 ingressei no quadro do
funcionalismo da Prefeitura do Município de Viamão.
Prestei
serviços aquela municipalidade, vinte e cinco anos, ao correr de cujo tempo
exerci também atividades políticas e administrativas, as quais citarei em
rápidos detalhes; na vida pública, por dois quatriênios, fui vereador, tendo
ocupado por três vezes a Presidência da Camara Municipal. Fui também relator de
diversas comissões do legislativo viamonense, havendo sido o relator da Lei
Orgânica em Vigência no município de Viamão.
Na vida
social exerci os seguintes cargos: tesoureiro, durante dez anos, do Tiro de
Guerra 346, secretário da Legião Brasileira de Assistência, secretário da
extinta Legião do Ar, secretário da Loja Maçônica de Viamão, orador perpétuo da
Liga de Defesa Nacional, secretário da comissão Revisadora da Divida Ativa do
Município de Viamão, presidente da comissão de assistência social ao
presidiário, além de outras entidades sociais, culturais e desportivas.
Coube-me a
honra de dirigir o Município de Viamão no ano de 1959, durante 10 meses, como
prefeito substituto, no licenciamento do titular, Dr. Carlos Pinto Mennet, e na
ausência do vice-prefeito, Dr. Trajano Pinheiro Machado. Isso porque
desempenhava eu o cargo de Presidente da Câmara Municipal.
Na vida
jornalística, venho a mais de trinta anos, militando sempre em vários postos da
direção do periódico “Correio Rural”.
Sou
jornalista profissional registrado na 17ª. Inspetoria Regional do Ministério do
Trabalho desde janeiro de 1940 e pertenço ao sindicato dos jornalistas
Profissionais de Porto Alegre. Tenho exercido também minhas atividades no
comércio viamonense, visto que além de haver possuído um armazém por alguns
anos, estabeleci-me logo após com o bar restaurante Setembrina sito à rua Cel.
Marcos de Andrade, de cujo ramo de negócio sou proprietário e dirijo há mais de
15 anos consecutivos.
São meus
filhos os jovens Moacyr e Waldir dos Santos e a senhorita Adair dos Santos,
filha essa que constitui em minha atribulada existência, o sonho de um pai que
a quer sempre feliz, pois que ela, para mim retrata todas as supremas
inspirações de afeto, amor e carinho de meus sublimes ideais.
Eis, em
síntese, amigos leitores em rápidas pinceladas, o passado do autor desta
modesta obra."